sexta-feira, 20 de abril de 2018

O LIVRE ARBÍTRIO SEGUNDO O JUDAÍSMO

Autor: Maimônides

“Tudo pode estar no controle do ETERNO, exceto o livre arbítrio.”

 Yehudá HaLevi:

“Se as ações humanas são pré-determinadas pelos Céus, quem serve a D'us não estaria em melhores condições que os que se rebelam contra Ele, pois ambos estariam de acordo com o propósito para o qual foram criados.
Se o conhecimento Divino fosse o fator causal das ações humanas, os justos teriam seu lugar garantido no Paraíso sem terem servido a D'us, e os malvados iriam ao Guey-Hinom mesmo sem ter pecado”.

 Bereshit Rabá XXII, 6:

“Se o seu impulso procura incitá-lo a uma conduta leviana, você deve bani-lo com as palavras da Torá. Não diga que você não tem controle, pois Eu [Elohim] lhe declarei nas Escrituras: o ‘seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo’ ´(Gn 4:7).”

 Flávio Josefo (Antiguidades, XVIII, i, 3):

“Quando eles [os fariseus] dizem que todas as coisas dependem do destino, eles não lançam fora dos homens a liberdade de agir tal como pensam; uma vez que a sua noção é de que agradou-se D'us em misturar os decretos do destino com a vontade do homem, para que o homem possa agir virtuosamente ou viciosamente”.

 Abraham Cohen:

“ ‘Tudo está nas mãos do Céu [YHWH], exceto o temor ao Céu [YHWH]’ (Berachot 33b), o que significa que, embora D'us decida o destino do indivíduo, lhe é feita uma ressalva com respeito ao caráter moral de sua vida”.

 Talmud Bavli, Makot 10b:

“No caminho no qual o homem decide andar ele é guiado”.

 Talmud Bavli, Yoma 39a:

“Se um homem corrompe a si mesmo um pouco, [Elohim] o corromperá em muito; se ele se corrompe aqui embaixo, [Elohim] o corromperá acima; se ele se corrompe neste mundo, [Elohim] o corromperá no mundo vindouro. Se o homem se consagrar [ao ETERNO] pouco, [Elohim] o consagrará muito; se ele se consagrar [ao ETERNO] aqui embaixo, [Elohim] o consagrará acima; se ele se consagrar [ao ETERNO] neste mundo, [Elohim] o consagrará no mundo vindouro”.

 Talmud Bavli, Shabat 104a:

“Se um homem corrompe a si mesmo, aberturas são feitas para ele; e se ele purifica a si mesmo, ajuda lhe é conferida”.

Tsadok Ben Derech:

“Apesar de Elohim estar no controle de todas as coisas, ensinavam os p’rushim (fariseus) que ‘depende de nós fazer o bem ou o mal’ (Josefo, ob.cit., pg. 1134), ou seja, enfatizavam o livre arbítrio do ser humano. Em sendo o judaísmo rabínico sucessor do movimento farisaico, vale citar o pensamento de Moshé Ben Maimon (conhecido como Maimônides), que possui viés nitidamente parush:

‘A liberdade de escolha foi dada a cada homem: se ele decide tomar o caminho das boas obras e da justiça, tal habilidade já está em seu poder; e se ele decide tomar o caminho da maldade, a habilidade para tal também já está em seu poder.

Este conceito é o princípio fundamental e um pilar para a Torá e seus Mandamentos. Se D’us decretasse que uma pessoa seria boa ou ímpia antes de sua existência, ou se existisse alguma coisa pré-determinada nos céus que influenciasse a pessoa a tomar um certo caminho na vida, como D’us poderia nos dar Mandamentos através dos profetas tais como ‘façam isso’ e ‘não façam aquilo’? Que lugar a Torá teria em nossas vidas? E por qual critério de justiça D’us puniria o ímpio e recompensaria o justo?’ (Mishnê Torá, Teshuvá 5:1-3).

De igual modo, Yeshua enfatizava a liberdade de escolha do homem em optar por qual caminho a seguir.  O Salmista falou que existem dois caminhos, devendo o homem decidir por trilhar o caminho do JUSTO ou o do ÍMPIO (Tehilim/Salmos 1, na íntegra). Yeshua também usa a mesma figura de linguagem (“O CAMINHO”):

‘Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à PERDIÇÃO, e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à VIDA, e poucos há que a encontrem.’ (Matityahu/Mateus 7:13-14).

E qual é o caminho que leva à vida? É a TORÁ!!!

‘Felizes são aqueles cujo caminho da vida é irrepreensível, que vivem pela TORÁ de YHWH.’ (Tehilim/Salmos 119:1).

Infere-se das lições do Mashiach que este acreditava que o homem tinha a liberdade de escolher qual o caminho a seguir, ou seja, o Mashiach ensinou o conceito farisaico de livre arbítrio. A predestinação ensinada pelos calvinistas é totalmente CONTRÁRIA às Escrituras.

À luz do Judaísmo farisaico, defendido por Yeshua, o está no controle de tudo o que se passa no mundo, quer seja dos homens quer seja dos animais. Não obstante, esta soberania de YHWH não exclui o livre arbítrio humano. É o que consta da Mishná:

‘Tudo está previsto, e o homem tem o seu livre arbítrio.’ (Avot 3:19).

 Mister citar o comentário de Irving M. Bunin acerca do referido texto de Avot:

‘Na realidade, Rabi Akiva toca num dos problemas mais espinhosos da teologia judaica: a onisciência ou o conhecimento prévio do Todo-Poderoso versus livre-arbítrio do ser humano. Quando dizemos que Ele sabe tudo, queremos dizer não somente o passado e o presente, mas também o futuro – antes que ele ocorra. Para muitos, isto conflita com o livre-arbítrio humano. Se o Todo-Poderoso já sabia ontem que eu iria pecar, então que outra escolha eu poderia ter? Minha ação não está predestinada? Na nossa Mishná, Rabi Akiva afirma que ambos os princípios ocorrem.

O judaísmo, diz ele, aceita tanto a onisciência Divina quanto o livre-arbítrio humano. Como diz o Documento Sagrado: ‘Eu coloquei diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição; portanto, escolhe a vida’ [Devarim/Deuteronômio 30:19]. O Eterno já sabe qual será sua escolha e, no entanto, por mais paradoxal que isto possa parecer, você tem plena liberdade de opção.’ (Ética do Sinai, 2009, página 185).

Yeshua, seguindo a linha farisaica, destacou o livre arbítrio do homem para escolher o BEM ou o MAL em inúmeras passagens. Fez a distinção, por exemplo, entre a árvore que dá o BOM FRUTO e a que dá o MAU FRUTO (Matityahu/Mateus 12:33-37). Na parábola do semeador, a semente em terra boa representa a pessoa que ouviu e optou por OBEDECER aos MANDAMENTOS (Matityahu/Mateus 13:1-23). Em sentido idêntico, ressalta-se a distinção entre os OBEDIENTES e os DESOBEDIENTES nas parábolas do trigo e do joio, do tesouro escondido, da pérola, e da rede que apanha peixes bons e peixes ruins (Matityahu/Mateus 13:24-30 e 36-50). Sobre o livre arbítrio, confira-se ainda, por exemplo, Matityahu/Mateus 1:17; 7:24-27; Yochanan/João 3:16-19; 11:25; 14:21 e 23”.

Fonte: Judaísmo Nazareno

http://www.judaismonazareno.org/news/breves-cita%C3%A7%C3%B5es-acerca-do-livre-arbitrio-segundo-o-judaismo/

quarta-feira, 18 de abril de 2018

O Homem é totalmente corrompido?


O Homem é totalmente corrompido?
Por Pastor Themmy Lima

Com resposta ao tema proposto ontem em nosso grupo Mundo Teológico, a saber, se o homem “Feito a imagem de Deus, pode ser totalmente corrompido ou não?” – baseado no texto (Gn 1.26) coloco minha posição pessoal e bíblica.


– “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”
Quero apresentar meu ponto de vista que deve antes de ser refutado analisado para obtenção de melhor compreensão.
A tipologia é uma disciplina bíblica que determinadas correntes teológicas não aceitam e com isso acabam distorcendo passagens bíblicas que tanto contribui para o desenvolvimento não só acadêmico como cultural.
Por exemplo, por que não aceito que o homem esteja totalmente corrompido como alegam os calvinistas ou adeptos deste pensamento, por alegam que o homem está morto em seus delitos e pecados como propõe Efésios “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,” (EF 2.1), contudo, esquece-se de adequar a legitimidade da palavra “mortos” que aponta para a universalidade do pecado, não excluindo ninguém desta realidade, além de que esta palavra significa “separados”.
Portanto a realidade da frase quer dizer: “E vos vivificou (trouxe vida), estando vós mortos (separados), em ofensas e pecados”.
Que ofensas foram essas?

A desobediência no Éden:
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo:
De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
” 
(Gn 2.16-17)

A desobediência humana não exclui a bondade e misericórdia de Deus isso deve ser sabido entre todos os teólogos ou propensos a ser. O ato da graça de Deus é manifestada em duas passagens que mostram claramente que a expressão “mortos”, não queira dizer que o homem não tem capacidade de raciocinar e reconhecer seus atos pecaminosos, muito menos deixar de reconhecer a Graça Divina.

Primeira parte: O HOMEM PRETENDE PROVER PARA SI SUA SALVAÇÃO.

Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que (Gn 2.25) estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” (Gn 3.7) – Não vou aprofundar na língua hebraica, mas tão somente apontar o significado de “aventais” neste momento o homem já havia pecado (desobedecido) e se estivesse totalmente corrompido não poderia tomar a ação de fazer para si aventais que no texto aponta para sua própria provisão para tentar esconder seu pecado, por que o “nu” na bíblia diz respeito a santidade perdida e não a capacidade de reconhecer um erro.

Segunda parte: DEUS PROVE PARA O HOMEM A SALVAÇÃO
E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os Is 61.10; Fp 3.9vestiu.” (Gn 3.21)
Observe que é Deus que mesmo mediante a desobediência do homem prove para que este “túnica”; é neste momento que se há de saber:
Que túnicas eram estas?
De onde vieram?
Porque até então não se tem noticias nenhum ser vivo que veio a morrer para prover qualquer tipo de vestimenta antes da morte de Abel. (Gn 4.8)
Hora a Bíblia nos responde claramente isso:
A túnica provida é a graça salvadora do Deus misericordioso aos homens pecadores.
E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, Êx 32.8; Dn 12.1; Fp 4.3; Ap 3.5; 17.8 esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13.8) – o “cordeiro” é o grande fornecedor da túnica provida ao pecador.

O Apóstolo dos gentios nos deixa isso claro (Ef 2.8) “Porque pela graça Rm 3.24; 2Tm 1.9sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” – Se substituirmos a palavra “graça” por Jesus teremos a devida interpretação textual da manifestação da graça de Deus aos homens.
“PORQUE POR JESUS SOIS SALVOS POR MEIO DA FÉ E ISSO NÃO VEM DE VÓS É SALVAÇÃO DE DEUS” – Eis o motivo pela qual o próprio Deus disse: “E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mt 1.21)

Se o homem é totalmente morto como afirma alguns.
Como explicar a fala de Jesus.
Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: 
Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. 
(Mt 22.29)

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: 
Porventura, não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?” 
(Mc 12.24)


Ainda que tais referências apontem para a questão da ressurreição Jesus deixa muito claro, aliás, extremamente claro que para o homem “errar menos” a única saída é por meio do conhecendo das Escrituras.
Agora... Como o homem vai conhecer as Escrituras se está morto?
Ainda que possamos neste ponto exaurir o assunto me deterei aqui para simplesmente afirmar que o homem não é totalmente morto, mas parcialmente morto.
Se o homem fosse totalmente corrompido não teria condições de reconhecer que estava nu.

Pr. Themmy Lima – Professor Teólogo, exegeta e biblista.

Haverá tristeza o céu? (Parte 1)