quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Romanos 9

B. W. Johnson

A Rejeição dos Judeus.

SUMÁRIO.—A profunda compaixão de Paulo por sua nação. A promessa de Deus à raça judaica não falhou. O argumento de que isto não aconteceu. A promessa não é para a descendência segundo a carne, mas para uma descendência espiritual. Deus tem direito de escolher que raça quiser. Como o oleiro tem direito de formar seu barro, da mesma forma Deus pode exaltar ou rejeitar uma raça. A aceitação dos gentios e a rejeição dos judeus predita. Um remanescente de Israel salvo.

Para entender o raciocínio deste capítulo, o leitor deve manter em mente o objetivo do apóstolo. Ele tinha no começo desta carta (Rm 1.16, 17) mostrado que o evangelho era o poder de Deus para salvação... “primeiro do judeu, e também do grego.” Mas os judeus como nação rejeitaram Cristo, e Deus rejeitou-os. Eles em breve deviam ser destruídos como povo e sua terra tomada. Mas os judeus recorriam às promessas feitas a Abraão. Deus quebrou suas promessas? Se Cristo era o verdadeiro Messias, e a nação judaica foi rejeitada, eles acreditavam que a promessa foi anulada. Para responder essa objeção Paulo mostra (1) que a promessa não era para a descendência de Abraão segundo a carne, mas para a descendência segundo a promessa; e (2) que Deus, em sua soberania, tem direito de escolher ou preterir uma raça segundo sua vontade. O tema da eleição individual e pessoal não está na mente do apóstolo, mas da eleição dos judeus para ser o povo escolhido, sua posterior rejeição, e a escolha dos gentios. Isaque, Esaú e Jacó são os representantes das raças.

1-5. Em Cristo digo a verdade. Esta afirmação é feita de forma solene porque os judeus acusavam Paulo de ter renunciado a sua raça. Ele fala como na presença de Cristo, com a consciência iluminada pelo Espírito Santo. 2. Que tenho grande tristeza, etc. Não tanto pelo motivo de seus compatriotas estarem afastados dele, como deles estarem sem a benção de Cristo. 3. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo. Ele poderia desejar isto, se servisse para salvar seus irmãos judeus. Anátema. “Anátema,” na Edição Revista. Rejeitado de Cristo e perdido. Meus irmãos. Seus irmãos judeus, da mesma linhagem judaica que ele próprio. 4. Que são israelitas. Ele agora enumera algumas das glórias da raça judaica. Jacó, seu predecessor, foi chamado Israel (Gn 32.28) pelo anjo. Isto significa um Príncipe com Deus, e este imponente título foi mantido por seus descendentes. Dos quais é a adoção. Seis altos privilégios do povo escolhido são mencionados nos versos 4 e 5. Eles foram adotados como o povo escolhido (Dt 7.6). E a glória. A presença da arca de Deus e a glória da presença divina (1Sm 4.21). E as alianças. As alianças feitas com Abraão e no Sinai. E a lei. A lei de Moisés dada aos filhos de Israel. E o culto. A adoração no tabernáculo e no templo. E as promessas. Especialmente a bendita promessa de Cristo. 5. Dos quais são os pais. Os patriarcas e profetas. E dos quais é Cristo. Acima de tudo, Cristo, em sua natureza carnal, foi de sua raça, da tribo da Judá, e da descendência de Davi. O qual é sobre todos. Veja Mt 28.18. Ele é nosso Rei e Juiz. Deus bendito eternamente. Mais do que homem; divino.

6-9. Não que a palavra de Deus haja faltado. Os judeus poderiam retorquir, “Por que, então, se Israel tinha tais privilégios, alianças e promessas, a nação foi rejeitada? Deus, se Jesus é realmente o Cristo, faltou com sua palavra?” O apóstolo no restante do capítulo responde esta objeção. O primeiro ponto é que há uma Israel mais amplo, maior, do que o Israel segundo a carne. Nem todos os que são de Israel são israelitas. Há um Israel segundo a promessa assim como um Israel segundo a carne. 7. Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos.Abraão tinha outros filhos além de Isaque, a saber Ismael, mas nenhum destes pertencia ao povo escolhido, pois foi dito (Gn 21.12), Em Isaque será chamada a tua descendência. 8. Isto é, não são os filhos da carne, etc. Visto que Ismael, nascido de acordo com as leis naturais, não foi da raça escolhida, mas Isaque, o filho da promessa, nascido contrário à lei natural, se tornou o povo escolhido, segue que os filhos de Deus não são os filhos da carne, os descendentes meramente carnais de Abraão, mas os filhos da promessa; aqueles que são da descendência de acordo com as condições da promessa. Este argumento é uma resposta àqueles que baseavam tudo em sua relação carnal com Abraão: “Temos por pai a Abraão” (Mt 3.9). A fim de mostrar isto mais integralmente Paulo recorda os incidentes registrados em Gn 18.10-14. 9. A palavra da promessa é esta. Esta promessa foi feita quando Sara estava muito além da idade natural de dar à luz filhos, e quando Abraão era velho. Por esta razão a descendência escolhida é chamada de os filhos da promessa.

10-13. E não somente esta. O primeiro argumento é que os verdadeiros descendentes são os filhos da promessa, uma descendência espiritual antes que da carne. O segundo argumento, agora iniciado, é que Deus tem o direito de rejeitar qualquer nação que quiser, incluindo os judeus, e escolher outras raças se desejar. Isto é evidenciado pelos fatos da história. Ele exerceu o direito de escolha quando escolheu Jacó como a nação escolhida, ao invés de Esaú. Os fatos são narrados para revelar isto. 11. Porque eles. Os filhos, ainda não nascidos, eram ambos descendentes de Isaque segundo a carne; conseqüentemente, segundo a carne, da descendência prometida, e ambos igualmente sem obras, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme). Isso poderia salientar que ele fez a escolha de sua própria vontade, livremente. De sua própria vontade ele escolheu Jacó, ainda não nascido, para tornar-se o cabeça da raça escolhida, antes que Esaú. Note que esta eleição não era para salvação eterna, mas para tornar o cabeça de um povo. Como Moisés, Samuel, e João Batista foram levantados para executar uma grande obra de Deus, assim aconteceu com Jacó. 12. Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Veja Gn 25.23. Foi dito a Rebeca, “Duas nações há no teu ventre... um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior (povo) servirá ao menor.” Esaú nunca serviu a Jacó, mas os edomitas, os descendentes de Esaú, serviram aos israelitas. A eleição aqui é de uma raça. 13. Como está escrito. Em Ml 1.2, 3. A linguagem de Malaquias, em sua ligação, mostra que foi falado das duas raças. O verso 3 diz, “Odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação e dei a sua herança.” Isto não foi verdadeiro de Esaú como pessoa, mas foi verdadeiro de seus descendentes. Uma raça foi amada e a outra odiada. Deus então afirmou seu direito de livremente escolher ou rejeitar raças. Não há a menor insinuação de eleger algumas pessoas para a salvação eterna e outras para a condenação.

14-18. Há injustiça da parte de Deus? Esta liberdade de Deus, em sua eleição de raças, não faz violência à sua justiça? Não é injusto que Deus escolha uma nação e rejeite outra? A resposta a esta questão é agora dada. Paulo mostra que as Escrituras reconhecem esta liberdade, e estas Escrituras, reverenciadas pelo objetor judeu a quem ele está escrevendo, não atribuiria injustiça a Deus. O argumento é totalmente escriturístico. 15. Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Isto está em Êx 33.19, e é em resposta a um pedido de Moisés de um alto privilégio. O Senhor o concede, não porque ele o merece, mas de graça, porque ele “terá misericórdia de quem ele tiver misericórdia, e se compadecerá de quem ele se compadecer.” A passagem, conforme empregada por Paulo, afirma que Deus favorece nações de acordo com sua vontade. Ele exerce escolha livre. 16. Assim, pois, isto não depende do que quer.Quando Deus é gracioso, não é porque uma vontade humana (do que quer), ou uma obra humana (do que corre) coloca-o sob a obrigação, e força-o a dar, mas o dom é dele, devido à sua misericórdia, que ele tem o direito de conceder onde quiser. Isaque quis conferir a benção sobre Esaú, e o último correu para obter a caça (Gn 27.5), mas Jacó tinha sido escolhido para tornar-se o fundador do povo escolhido, e recebido a benção, que prometia que ele devia ser o pai de uma grande nação. 17. Diz a Escritura a Faraó. Êx 9.16. Não é dito que Faraó foi nascido mas elevado ao trono para um propósito particular. Esse propósito era para em ti mostrar o meu poder. Não é dito que Deus levantou-o para destrui-lo. Seu poder poderia ter sido mostrado por Faraó rendendo-se ao seu poder. A conduta de Faraó tornou necessário humilhá-lo. Aqui, novamente, a eleição não é de um indivíduo para destruição, mas de um homem para ser um rei para um propósito particular. A destruição veio sobre ele porque, nessa posição, ele resistiu a Deus. 18. Logo, pois, compadece-se. O verso 15 tem revelado que ele tem misericórdia de acordo com seu próprio senso de direito, não de acordo com qualquer código humano. O caso de Faraó, mostra, além disso, que ele endurece a quem quer. “O que não deve ser esquecido, e o que aparece claramente, de toda a narrativa em Êxodo, é que o endurecimento de Faraó, foi inicialmente um ato seu. Cinco vezes é dito dele que ele mesmo endureceu, ou tornou pesado seu coração (Êx 7.13; 7.22; 8.15; 8.32; 9.7), antes da vez quando é finalmente dito que Deus o endureceu (Êx 9.12), e mesmo depois disso é dito que ele endureceu a si mesmo (Êx 9.34). Assim ele inicialmente fechou seu próprio coração aos apelos de Deus; ficou mais firme pela resistência obstinada sob os julgamentos de Deus, até que finalmente Deus, como punição por sua rejeição obstinada do direito, entregou-o à sua louca insensatez e afastou seu julgamento.” -- Godet. A princípio Faraó endureceu seu próprio coração; os julgamentos de Deus somente fizeram-no mais firmes, e então Deus “entregou-o.” Deus somente fez mais firme, por seus julgamentos e por deixá-lo à sua insensatez, alguém que já tinha endurecido seu próprio coração. Que ele foi entregue à loucura é evidenciado no relato. Até seu mago disse, “Isto é o dedo de Deus” (Êx 8.19). Ele mesmo uma vez disse, “Esta vez pequei; o Senhor é justo” (Êx 9.27). Não tivesse ele endurecido a si mesmo novamente, o resultado teria sido diferente. Então Deus o abandonou à sua própria insensatez, “à dureza de coração e reprovação da mente.” Os judeus aceitavam tudo isto no caso de Faraó, mas defendiam que Deus não poderia abandoná-los por causa de seu comportamento pecaminoso. O argumento de Paulo é, que se eles, o povo favorecido, seguisse o comportamento de Faraó, eles poderiam experimentar o destino dele. Eles, também, endurecendo a si mesmos, poderiam ser “entregues à dureza,” pois Deus não está limitado pela raça, ou por qualquer limitação, mas endurece a quem quer. Ele quer endurecer aqueles que endurecem a si mesmos. Tenho me demorado nesta passagem mais do que o habitual porque ela é tão pouco entendida. Godet bem diz que em toda esta passagem Paulo não está escrevendo teologia, mas respondendo as pretensões arrogantes do farisaísmo judaico, e por isso ele afirma a liberdade divina. Se ele estivesse respondendo àqueles que abusavam desta liberdade transformando-a em uma vontade puramente arbitrária e tirânica, ele teria exibido o lado oposto da verdade.

19-24. Quem tem resistido à sua vontade? Ele agora se depara com uma outra objeção do adversário judeu. Se a vontade de Deus é suprema, porque ele devia se queixar, visto que nenhuma nação pode resistir à sua vontade. Se Deus endurece, a nação que é endurecida somente se submete a ele. Paulo não pára para mostrar que esta objeção é artificial, e ilógica, mas em resumo ele diz: “Isto suposto, então que direito tem a nação judaica de objetar? Ela não é nada senão uma massa de barro nas mãos do oleiro.” 20. Quem és tu, que a Deus replicas? Os homens acusarão Deus de injustiça? Não temos o direito de contender com nosso Criador. Ele tem o direito de declarar suas próprias condições nas quais ele terá misericórdia. 21. Não tem o oleiro poder sobre o barro. Da mesma forma Deus, em tratando-se de direito, tem o direito de fazer de suas criaturas o que quiser. Não é dito que somos como barro nas mãos do oleiro, mas que Deus tem o direito sobre nós que o oleiro tem sobre seu barro. Uma massa o oleiro pode usar para um uso glorioso; uma outra para um vaso para usos ordinários. 22. Que direis se Deus. Agora se Deus, no exercício de seu direito indubitável, tem feito algo parecido, em seu tratamento com o judeu e o gentio. Querendo mostrar a sua ira. Embora provocado para punir a nação judaica por seu pecado de rejeitar Cristo, e dessa forma demonstrar seu poder, todavia até então ele tem suportado com muita paciência os vasos da ira. Quer dizer, a nação judaica incrédula, tão pecaminosa diante de Deus, todavia há tempos suportada. Deus, no exercício de sua vontade soberana, tem até então adiado a exibição de sua ira na destruição da nação. Este verso começou com uma pergunta. Ela significa, se Deus faz tudo isto, onde está a culpa? 23. Para que também desse a conhecer. “Os vasos de misericórdia” são crentes gentios e judeus. Que dizer se Deus suportou os vasos preparados para a destruição (verso 22), havia algo de errado nisto? Que dizer se ele dessa forma tornou conhecidas as riquezas de sua glória sobre os vasos de misericórdia, havia algo de errado nisto? Que para glória já dantes preparou. A preparação referida não é de indivíduos para a vida eterna, mas a preparação feita era para salvar os gentios assim como os judeus. O próximo verso mostra o que se quer dizer. 24. Os quais somos nós, a quem também chamou. Ele “suportou os vasos da ira” para que ele pudesse tornar conhecida sua misericórdia em chamar tanto judeus como gentios. A destruição da nação judaica, predita pelo Salvador em Mt 24, foi adiada por misericórdia até que dezenas de milhares de judeus, assim como de gentios, aceitassem Cristo. Toda a passagem mostra que Deus tolerou os pecados da nação judaica, sem liquidá-los, porque sua existência era essencial em seus planos de salvar o mundo. Dela Cristo surgiu. Dela os apóstolos foram escolhidos. Nela a igreja foi formada, e dela partiram os pregadores do evangelho.

25-29. Como também diz em Oséias. Os 2.23. Ele mostra por esta profecia que foi o plano anteriormente formado de Deus de chamar os gentios à salvação. Em Os 1.10, há uma predição do mesmo significado, que Paulo cita no verso 26. Ambas as passagens mostram que a chamada do evangelho aos gentios somente está em harmonia com o propósito de Deus há muito tempo declarado. 27. Também Isaías clama. Is 10.22, 23. Não apenas os profetas mostram que os gentios deviam ser chamados, mas que boa parte de Israel devia ser abandonada por Deus. A passagem diz que embora o povo de Israel se tornou numeroso como as areias do mar, somente um remanescente é que será salvo. Esta profecia originalmente se aplica ao retorno dos judeus do cativeiro, mas, como muitas outras profecias, tem uma aplicação dupla. 28. Porque ele completará a obra. Este verso, citado de Isaías, mostra por que somente um remanescente terá sobrado. O justo julgamento de Deus eliminará o restante de seu favor. 29. Como antes disse Isaías. Isaías falou isto antes de ter escrito o que é citado nos versos 27 e 28. Isto é encontrado em Is 1.9. Esta passagem, como a outra, mostra que somente “um remanescente de Israel será salvo.” Teríamos nos tornado como Sodoma. Sodoma e Gomorra tinham perecido por conta de seus pecados. Não fosse pela misericórdia de Deus, Israel teria sido destruído pelo mesmo motivo.

30-33. Que diremos pois? Que conclusão chegaremos? Tem sido mostrado que a palavra de Deus não faltou (verso 6), pois foi prenunciado tudo que aconteceu. A conclusão é esta: Que os gentios, que não buscavam a justiça, não tinham conhecimento dela, obtiveram justiça ao aceitar Cristo, pela fé nele, enquanto (verso 31) Israel, que buscava a lei da justiça, não alcançou a justiça diante de Deus por causa da incredulidade. 32. Por quê? Por que este fracasso da parte de Israel? Não porque Deus desejou que eles fossem rejeitados, não por causa de qualquer preordenação, mas por causa de sua incredulidade em Cristo. Não foi pela fé. Eles buscavam não a justiça que vem da fé em Cristo, mas uma justiça de obras pela observação da lei de Moisés. Tropeçaram na pedra de tropeço. Na fé em Cristo, em um Cristo crucificado. Este é o único motivo do fracasso de Israel. Eles caíram por causa da incredulidade.33. Como está escrito. Que Cristo seria uma pedra de tropeço para Israel tinha sido predito em Is 8.14 e 28.16. Quando Jesus veio como alguém humilde, e foi crucificado, os judeus, que esperavam que o Cristo fosse um rei terreno poderoso, tropeçaram e caíram.

Fonte: The People’s New Testament

Tradução: Paulo Cesar Antunes

A Soberania de Deus - Por A. W. Tozer

A Soberania de Deus

A. W. Tozer

Outro real problema criado pela doutrina da soberania divina tem a ver com a vontade do homem. Se Deus rege Seu universo mediante Seus decretos soberanos, como é possível que o homem exerça livre escolha? E se ele não pode exercer liberdade de escolha, como ele pode ser considerado responsável por seu comportamento? Ele não é uma mera marionete cujas ações são determinadas por um Deus que fica atrás dos bastidores mexendo os pauzinhos conforme lhe agrada?

A tentativa de responder tais questões tem dividido a igreja cristã organizadamente em dois grupos que carregam os nomes de dois distintos teólogos, Jacó Armínio e João Calvino. A maioria dos cristãos está satisfeita em se envolver em um grupo ou outro e negar ou a soberania de Deus ou o livre-arbítrio do homem. Parece possível, entretanto, reconciliar estas duas posições sem fazer violência a cada uma, embora o esforço que segue pode mostrar-se deficiente aos partidários de um grupo ou outro.

Aqui está a minha opinião: Deus soberanamente decretou que o homem fosse livre para exercer escolha moral, e o homem desde o começo tem cumprido esse decreto fazendo sua escolha entre o bem e o mal. Quando ele escolhe fazer o mal, ele não está agindo, por meio disso, contra a vontade soberana de Deus, mas a cumprindo, considerando que o decreto eterno decidiu, não qual escolha o homem deveria fazer, mas que ele devesse ser livre para fazê-la. Se em Sua absoluta liberdade Deus desejou dar ao homem uma liberdade limitada, quem poderá impedir Sua mão ou dizer, “Que fazes?” A vontade do homem é livre porque Deus é soberano. Um Deus menos que soberano não poderia conceder liberdade moral às Suas criaturas. Ele teria medo de fazer isso.

Talvez uma simples ilustração possa nos ajudar a entender. Um transatlântico deixa Nova Iorque em direção a Liverpool. Seu destino foi determinado pelas autoridades competentes. Nada pode mudá-lo. Este é pelo menos um pequeno quadro da soberania.

A bordo do transatlântico está uma multidão de passageiros. Estes não estão em correntes, nem suas atividades lhes são determinadas por decreto. Eles são completamente livres para movimentarem-se para lá e para cá conforme desejarem. Eles comem, dormem, divertem-se, ficam à toa no convés, lêem, falam, tudo como desejam, mas ao mesmo tempo o grande transatlântico está conduzindo-os constantemente em frente, em direção a um porto predeterminado.

Ambas a liberdade e a soberania estão presentes aqui e elas não se contradizem. Assim é, creio, com a liberdade do homem e a soberania de Deus. O poderoso transatlântico do propósito soberano de Deus mantém seu curso constante através do mar da história. Deus se move imperturbado e desimpedido rumo ao cumprimento desses propósitos eternos que Ele propôs em Cristo Jesus antes que o mundo começou. Não sabemos tudo que está incluído nesses propósitos, mas o suficiente nos foi revelado para nos fornecer um amplo esboço das coisas e que vem nos dar uma boa esperança e uma sólida garantia do bem-estar futuro.

Sabemos que Deus cumprirá cada promessa feita aos profetas; sabemos que os pecadores um dia serão varridos da terra; sabemos que um grupo resgatado entrará para o gozo de Deus e que os justos irão resplandecer no reino de seu Pai; sabemos que as perfeições de Deus todavia receberão aclamação universal, que todas as inteligências criadas confessarão Jesus Cristo Senhor para a glória de Deus Pai, que a presente ordem imperfeita será abolida, e um novo céu e uma nova terra será estabelecida para sempre.

Na direção de tudo isto Deus está se movendo com infinita sabedoria e perfeita precisão de ação. Ninguém pode dissuadi-lo de Seus propósitos; nada O desvia de Seus planos. Visto que Ele é onisciente, não pode haver circunstâncias imprevistas, nem acidentes. Visto que Ele é soberano, não pode haver ordens canceladas, nem quebra de autoridade; e visto que Ele é onipotente, não pode haver falta de poder para atingir Seus fins escolhidos. Deus é suficiente a Si mesmo por todas estas coisas.

Ao mesmo tempo as coisas não são tão fáceis como este ligeiro esboço pode sugerir. O mistério da iniquidade já opera. Dentro da ampla esfera da vontade soberana e permissiva de Deus o mortal conflito do bem com o mal continua com fúria crescente. Deus todavia conseguirá o que quer no furacão e na tempestade, mas a tempestade e o furacão estão aqui, e como seres responsáveis devemos fazer nossas escolhas na presente situação moral.

Certas coisas foram decretadas pela livre determinação de Deus, e uma destas coisas é a lei de escolha e conseqüências. Deus decretou que todos que desejosamente se entregam a Seu Filho Jesus Cristo em obediência de fé receberão a vida eterna e se tornarão filhos de Deus. Ele também decretou que todos que amam as trevas e continuam em rebelião contra a suprema autoridade do céu permanecerão em um estado de alienação espiritual e finalmente sofrerão a morte eterna.

Reduzindo toda a questão em termos individuais, chegamos a algumas conclusões vitais e bem particulares. No intenso conflito moral que agora nos cerca, quem quer que esteja do lado de Deus está do lado que vai ganhar e não pode perder; quem quer que esteja do outro lado está do lado que vai perder e não pode ganhar. Não há aqui nenhuma sorte, nenhum jogo. Há liberdade de escolha de qual lado estaremos mas nenhuma liberdade para negociar os resultados da escolha uma vez que ela é feita. Pela misericórdia de Deus podemos nos arrepender de uma escolha equivocada e alterar as conseqüências fazendo uma escolha nova e correta. Além disso não podemos ir.

Toda a questão da escolha moral gira em torno de Jesus Cristo. Cristo afirmou claramente: “Aquele que não está comigo está contra mim,” e “Ninguém vem ao Pai senão por mim.” A mensagem do evangelho incorpora três elementos distintos: um anúncio, um comando e um chamado. Ele anuncia as boas novas da redenção realizada em misericórdia; ele comanda todos os homens em todos os lugares a arrependerem-se e chama todos os homens a submeterem-se aos termos da graça crendo em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Todos nós devemos escolher se obedeceremos ao evangelho ou nos desviamos em incredulidade e rejeitamos sua autoridade. A escolha somos nós que fazemos, mas as conseqüências da escolha já foram determinadas pela vontade soberana de Deus, e dela não há apelação.

Fonte: Knowledge of the Holy, cap. 22
Tradução: Paulo Cesar Antunes

Entrevista sobre Pornografia - por Augustus Nicodemus Lopes

Entrevista sobre Pornografia

Consumir pornografia é mais comum do que pensamos pelos que se declaram evangélicos. Infelizmente o número de homens e mulheres que se declaram cristãos e que consomem imagens pornográficas pela internet, celular e outras mídias, é alarmante.

Enquanto que muitos já cauterizaram a consciência com argumentações a favor de consumir pornografia, outros ainda estão lutando para se livrar dela. Esta luta por vezes é silenciosa, oculta, solitária, por causa da vergonha ou do receio de se buscar ajuda. Há muitos testemunhos de pessoas que um dia foram viciadas em sexo virtual mas que, com a graça de Deus, encontraram libertação.

Ninguém nunca me entrevistou sobre este assunto, mas imagino que uma entrevista seria mais ou menos assim:

1) Pode definir o que é pornografia?

Pornografia é aquilo tipo de coisa que é difícil de definir, mas que todo mundo reconhece na hora que vê. É a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitação sexual por qualquer tipo de mídia. Geralmente trata os seres humanos como coisas e as mulheres, em particular, como objetos sexuais.

2) Por que as igrejas não falam mais deste assunto, já que certamente existem muitos membros viciados em pornografia? 

Diversas razões. O assunto é considerado como melindroso de ser tratado em público. Além disto, alguns líderes receiam despertar o interesse das pessoas pela pornografia se começarem a falar sobre ela. Mais importante, pode ser que a própria liderança de algumas igrejas não se sinta autorizada a falar contra isto pelo fato de estarem, eles mesmos, lutando contra a adição à pornografia. Mas, é dever da Igreja orientar seus membros quanto ao ensino bíblico da sexualidade. Uma abordagem honesta, firme e bíblica instruirá a comunidade sem despertar curiosidades indevidas.

3) É lícito a casais cristãos usarem material erótico em busca de maior enriquecimento das relações sexuais dentro do casamento? 

Acredito que não. O casamento não transforma o quarto de casal em quarto de motel. O que Jesus falou sobre a pureza das intenções no olhar para uma mulher (Mt 5.28 ) e o que Paulo nos ensinou sobre ocupar a mente com coisas aprovadas por Deus (Fp 4.8 ) continuam valendo para quem é casado. O fato de que o casal concorda em ver pornografia juntos não diminui em nada o peso destes ensinos. Casais cristãos que querem melhoria na vida sexual, podem utilizar livros sobre a sexualidade escritos da perspectiva bíblica, que ajudam a enriquecer a intimidade marital e melhorar a técnica sexual no casamento, sem incorrer em adultério e nos riscos envolvidos no uso de material pornográfico.

4) Mas, e fantasiar durante as relações sexuais com o marido ou a esposa, trazendo à mente imagens de relações sexuais? Seria errado também?

Sim, conforme resposta dada à pergunta anterior. É uma violação de Mateus 5.28 e de Filipenses 4.8.

5) Por que cristãos, que sabem que a pornografia é danosa e pecaminosa, se aventuram ainda a visitar sites pornográficos na Internet?

Eu poderia mencionar alguns aspectos da pornografia que a tornam atraente, como ser acessível, grátis e anônima. A razão primordial, porém, é a degradação do coração humano. Tal corrupção permanece no cristão e o inclina a todo mal. Conforme ensina o Senhor Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, … os adultérios … as malícias … a lascívia…” (Mc 7.22-23). Ensina ainda o apóstolo Paulo: “as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia…” (Gl 5.19). Portanto, a libertação tem que levar em conta que o problema é espiritual.

6) Se uma pessoa casada está tendo problemas com pornografia, deveria confessar ao cônjuge?

Teoricamente, sim. No processo de vencer este hábito pecaminoso é importante ter alguém – de preferência o cônjuge – a quem prestar contas dos seus atos e pedir orações e apoio. Além disto, consumir pornografia é pecado contra o cônjuge, pois se constitui em adultério. Biblicamente, deveríamos confessar ao cônjuge e pedir-lhe perdão, além de seu apoio e ajuda para vencer o hábito. Todavia, em certos casos, pode ser que o cônjuge não esteja preparado para tomar conhecimento destes fatos. Será preciso ajuda de um conselheiro capaz e experiente, para ajudar no processo.

7) É lícito ao cristão ver imagens de nudez apenas para apreciá-las como arte?

Devido ao fato que somos seres sexuados, é praticamente impossível se expor à nudez sem que haja despertamento sexual, fantasias, desejos, impulsos e intenções. Isto é agravado pela presença da natureza pecaminosa no cristão, tornando-se praticamente impossível para um homem apreciar a nudez feminina sem o despertamento da lascívia e intenções sexuais. Além disto, a indústria pornográfica produz imagens de mulheres e homens nus, não para serem apreciados como arte, mas para provocarem a excitação sexual e a masturbação. Por fim, ao cobrir a nudez de Adão e Eva (Gn 3.21), Deus já indicou que a nudez deve ser velada e desfrutada apenas no ambiente de casamento.

8 ) A masturbação é errada?

Este hábito está profundamente ligado à pornografia. A masturbação é errada porque envolve o uso de imagens mentais eróticas e fantasias sexuais, violando Mateus 5.28. Dificilmente alguém se masturbaria pensando nas cataratas do Niágara...

9) Já que a pornografia é legal no Brasil, por que um cristão, que também é cidadão brasileiro, não pode consumi-la?

O motivo é que o cristão se rege primeiramente pela Palavra de Deus. Ainda que no Brasil seja legal a publicação, veiculação e consumo de material pornográfico, contudo as Escrituras condenam a prostituição, a perversão sexual, o adultério, a sodomia, o lesbianismo, e outras práticas sexuais que são objeto da pornografia. 

O que é Santidade? - por Augustus Nicodemus Lopes

O que é Santidade?

Lamentavelmente, os escândalos ocorridos nas igrejas vêm confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.

Uma análise do conceito bíblico de santidade destacaria uma série de princípios cruciais, dos quais destaco alguns aqui:

1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).

2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). Não estou negando as manifestações espirituais. Creio que Deus é Deus. Contudo, Ele mesmo nos mostra na Bíblia que manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Mateus 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).

3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que a ortodoxia doutrinária seja defendida ardorosamente, doentes sejam curados, línguas sejam faladas e demônios sejam expulsos. A Bíblia não faz conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas e defesa da ortodoxia. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra a ortodoxia dos fariseus, contra os falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.

4) É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!

5) A santidade é progressiva. Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, alguns buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.

6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo. Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermos conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.

Precisamos de santidade! E como! E a começar em mim. Tenha misericórdia, ó Deus!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Teocentrismo ou Antropocentrismo? - Por - Josafá Vascocelos

Teocentrismo ou Antropocentrismo?



Por - Josafá Vascocelos


Os puritanos viveram uma vida de luta sob a força da Palavra e para a glória de Deus. Estavam preocupados com a sã doutrina e a piedade; com vida de oração, de comunhão com Deus e santidade. O puritanismo foi um período curto, de cem anos, em que homens e mulheres viveram de maneira fiel à Palavra de Deus, o que levou alguém a dizer que nunca se viveu as doutrinas da graça em tal nível de espiritualidade e prática como os puritanos, desde o período apostólico.

Alguém poderia perguntar: por que nós hoje ainda falamos sobre eles e o que têm a ver conosco? Respondo dizendo que eles são nossa origem. Eu sou pastor presbiteriano e sei que o presbiterianismo nasceu do puritanismo. Um pastor presbiteriano subscreve a Confissão de Fé de Westminster como sua confissão oficial (Igreja Presbiteriana do Brasil). Este documento foi fruto daquela reunião na Abadia de Westminster, Inglaterra, de julho de 1643 a fevereiro 1648, onde renomados teólogos estiveram juntos numa assembléia que durou quase cinco anos, em oração, piedade e subjugados à Palavra de Deus, para redigir esta "fiel exposição das Escrituras". Foram santos que, debruçados sobre a Palavra, extraíram o que hoje temos como nossos Símbolos de Fé (Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve).

O "Projeto Os Puritanos", iniciado em 1991, visa trazer de volta as doutrinas da Palavra de Deus que foram esquecidas; busca reaver as antigas doutrinas da graça tão fortemente defendidas pelos puritanos e sucessores. Mais do que isso, o Projeto busca considerar uma ênfase na piedade, consagração e santidade. Os puritanos viveram um grande avivamento espiritual e nós sonhamos com isso para a nossa Igreja. Este é o grande objetivo do "Projeto Os Puritanos", que é ainda muito tímido, e de forma humilde semeia a verdade com oração, aqui e ali, instando com as pessoas para que voltem para o antigo Evangelho, as antigas doutrinas da graça.

O passado vagueei procurando um lugar onde "repousar" e com um desejo imenso de acertar, de ser uma bênção, até que Deus me fez conhecer os puritanos. Foi assim que encontrei um "porto seguro" e agora tenho desejado no meu coração, mais que tudo, ser como eles foram - cheios do Espírito Santo, cheios da verdade e fiéis ao Senhor. Não tenho receio de falar isso, pois foi o que mudou minha vida de forma radical. Na verdade, o que mudou minha vida e ministério foi o conhecer a Deus de forma mais profunda mediante Sua Palavra. Ela, sim, é o nosso referencial maior.

O que vamos apresentar aqui tem tudo a ver com o desvio da verdade, com este afastamento da verdadeira doutrina, dos padrões que Deus mesmo tem estabelecido, e no qual lamentavelmente nossa própria Igreja já se encontra altamente envolvida. Que Deus, pela Sua misericórdia, venha nos visitar, pois ninguém mais do que Ele ama a Sua Igreja, comprada com Seu próprio sangue. O Senhor está olhando para a Sua Igreja e pode libertá-la daquilo que não está em Seu coração.

Nós sabemos que há uma eterna luta que experimentamos contra a nossa carne e nosso eu; contra nossa natureza pecaminosa. Foi o que disse Paulo: há uma luta do espírito contra a carne e da carne contra o espírito; uma luta contra o inimigo das nossas almas que como um leão ruge ao nosso derredor procurando ocasião para tragar-nos. Temos que resisti-lo firmes na fé. Toda aquela armadura de Deus é para nosso auxílio contra as hostes infernais. Mas temos ainda uma luta contra o mundo. Que mundo? Temos de definir essa palavra que tem múltiplos significados nas Escrituras. Precisamos sempre definir as coisas. Temos que nos firmar no significado da palavra "mundo" dentro deste contexto nestas duas passagens: I Jo 2:15 e Tiago 4:4-5.

"Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (I Jo 2:15).

"Infiéis," ("adúlteros e adúlteras" — revista e corrigida) não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?" (Tg 4:4-5).

Que "mundo" é este nestes textos? É descrito como algo hostil e inimigo de Deus. Certamente Deus está se referindo aqui à filosofia de vida estabelecida no mundo, ou modos vivendi. Aqueles princípios de vida que o mundo tem estabelecido pela própria impiedade do coração humano e também pela inspiração de Satanás que é o príncipe deste mundo. Percebemos que a Palavra de Deus estabelece claramente um confronto entre princípios do Reino do Senhor Jesus Cristo que Ele mesmo veio estabelecer e estão muito claros nas Escrituras, de um modo bem específico no Sermão do Monte, e os princípios do mundo, onde os homens sem Deus simplesmente estabeleceram como consenso geral do que deve ser. Nós devemos nos guardar e ter cuidado de ter envolvimento com esta filosofia mundana, deste princípio do mundo ou "conselho dos ímpios", ou estratégia de ação conforme o mundo ímpio estabelece. Não devemos nos identificar com estes princípios. Deus coloca isso de uma maneira forte quando lemos nas Escrituras as palavras "adúlteros e adúlteras" para se referir a esta comunhão com estes princípios do mundo. Isto é muito sério para Deus e por isso deve ficar bem vivo em nossa mente. Temos que abominar o "princípio do mundo"; a Igreja precisa sentir nojo dele, sendo para isso necessário identificá-lo a fim de ficar bem longe de sua influência, pois o Senhor nos deu o princípio verdadeiro de vida; deu uma estratégia santa para a Sua Igreja, para os cidadãos do Reino, para nós.

Vemos nas Escrituras o Senhor dizendo que devemos estar no mundo, mas não ser do mundo. Isto tudo nos mostra de forma clara que Deus tem estabelecido na Sua Palavra esta distância e separação. Esta é a essência da palavra "santo". Quando somos chamados "santos", significa que somos separados do mundo, não no sentido de não estarmos fisicamente nele, porque temos que ser "sal e luz", mas em termos ontológicos; com ele não podemos nos misturar e estabelecer qualquer tipo de comunhão.

Hoje isso tem se diluído, essa linha que foi tão claramente estabelecida pelo Senhor já não se distingue mais; não se pode saber o que é do mundo e o que é da Igreja. Parece que há uma mistura causada pelo afastamento daqueles princípios que foram estabelecidos pelos apóstolos, retomados pelos reformadores e ratificados pelos puritanos: aqueles marcos antigos tão claros e bem definidos. Hoje a Igreja se afastou de tal forma que nós temos uma grande mistura que não nos permite saber o que é mundano e o que não é.

Creio que uma forma de distinguir estas coisas é usando dois princípios que nos ajudarão a enxergar o problema. É como se colocássemos lentes para ver nitidamente o que é do mundo e o que é de Deus. São dois princípios que precisamos usar para tomar uma decisão e firmar o nosso coração naquilo que é verdadeiro.

Antropocentrismo e Teocentrismo.

O primeiro quer dizer que o homem está no centro. O segundo, Deus é que está no centro. O primeiro busca o favor dos homens e seus interesses, o segundo visa a glória de Deus. O antropocentrismo vai identificar princípios e estratégias que são do mundo (humanismo) e o teocentrismo é o princípio que Jesus vê para sua Igreja: a glória de Deus. Ele veio para glorificar o Pai e o nosso propósito como Igreja é esse também. Com estas duas "lentes" poderemos identificar o que é do mundo é o que é de Deus. Com estas lentes vamos olhar para a Igreja de hoje e ver quais as propostas que estão sendo feitas e identificar o que é e o que não é de Deus; vamos ver o que visa o interesse dos homens e o que visa a glória de Deus.

Antes, quero dizer uma coisa importante. Não podemos fazer confusão de nossa relação com o mundo. Nem separatismo, nem mundanismo. Não podemos cair naquele "buraco" do maniqueísmo, uma forma de gnosticismo que enfatizava a existência do "deus do bem" e o "deus do mal". Mas temos de nos lembrar de que quem governa este mundo é o Deus Todo-poderoso, criador e o sustentador de tudo. Ele é o Soberano do Universo e até o diabo e suas hostes estão sob Seu comando. Podemos muito bem trabalhar no mundo secular fazendo a vontade de Deus e para Sua glória, sem sair do mundo, visto que tudo é dEle e para Ele. Temos de ser cristãos no mundo. Lutero e os reformadores entenderam isso e buscaram viver uma vida piedosa no mundo em vez de separar-se dele. Por isso, em virtude de Soli Deo Gloria, surgiram tantas figuras e entidades famosas nas artes (Albrecht Dürer, Rembrandt, Vermeer de Hootsch); na música (Johann Sebastian Bach e G.F. Händel); na ciência (Newton, Kepler, os puritanos que fundaram a famosa Sociedade Real de Ciências na Inglaterra, Blaise Pascal); na política (Cromwell, Abraão Kuyper); na educação (John Comenius, a academia de Genebra, Universidades de Harvard, Yale, Princeton, Leiden); na literatura (Milton, Calvino, Herbert, Donne). David Livingstone, o grande missionário inglês na África, lutou com todas as forças para acabar com o mercado de escravos e o cristão e membro do Parlamento britânico, William Wilberforce, finalmente levou ao fim este comércio condenável. Cristãos verdadeiros nunca pensam em se retirar do mundo (visto que o mundo é do Senhor), mas cumprir seus deveres com vistas à glória de Deus e ao serviço da família e do próximo.

Mas temos de ver o que é de Deus e o que é do mundo no sentido carnal.

Na Evangelização

Quando falamos dos puritanos, falamos inevitavelmente de calvinismo. Os presbiterianos deveriam saber bem o que é calvinismo, pois a Igreja Presbiteriana é calvinista. O que é calvinismo? O que é arminianismo? Na verdade estas duas expressões também têm os seus comprometimentos: ou com a glória de Deus ou com o favor dos homens. Calvinismo nada mais é do que a expressão do Evangelho da graça do nosso Senhor Jesus Cristo. O grande pregador Spurgeon dizia que calvinismo é um apelido, mas na verdade é uma exposição da Bíblia, uma visão mais apropriada e fiel do que é o Evangelho da graça. Este é um apelido em virtude de João Calvino ter sido usado para sistematizar de modo claro, e, para nosso entendimento, o que a Bíblia ensina sobre a essência e natureza do Evangelho da graça. Na questão da salvação (Sotereologia) temos os cinco pontos do calvinismo, que na verdade é uma resposta aos cinco pontos do arminianismo. Isto foi estabelecido melhor no Sínodo de Dort quando foi examinado o documento arminiano (Remonstrancia). "Arminiano" vem de Armínio (Jacobus) e seus seguidores que haviam proposto a natureza do Evangelho do ponto de vista humano. Este Sínodo (de Dort), baseado nos pensamentos de Calvino, estabeleceu uma resposta ao documento arminiano de forma precisa, mostrando o que era a essência do Evangelho segundo Jesus Cristo e como é apresentado nas Escrituras. Os cinco pontos são: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada (ou definida), Chamada Eficaz e Perseverança dos Santos.

O primeiro ponto é Depravação Total – o calvinismo diz que o homem está morto em seus delitos e pecados e não pode se levantar por si mesmo, nem sequer compreender o Evangelho e muito menos se decidir por Cristo; o livre-arbítrio foi totalmente escravizado ao pecado após a queda; o homem só virá a Cristo se a graça atingir seu coração. Mas os arminianos dizem: Não! O homem é pecador, é verdade, mas nele sobrou o livre-arbítrio que o capacitará a tomar sua decisão, fazer sua parte, tornar eficaz a obra de Cristo.

O segundo ponto é Eleição Incondicional. A Bíblia é clara nisso, quando afirma que Deus escolheu os Seus de forma incondicional, pela Sua graça soberana. Ele não é injusto fazendo assim, visto que os homens caíram perecendo em condenação; mas Ele, por Sua graça, ainda quis salvar os Seus escolhidos.

O terceiro ponto é Expiação Limitada (ou definida). Ele diz que Cristo morreu só pelos eleitos. Nunca se prega sobre isto e assim o povo evangélico desconhece esta verdade bíblica. Alguns nunca ouviram isto: que a morte de Cristo foi em favor dos eleitos de Deus. A Bíblia afirma assim e eu mesmo quase caí "duro para trás", quando, depois de muitos anos como pregador e evangelista em várias cruzadas, tomei conhecimento desta verdade, de que Cristo morreu por aqueles que o Pai elegeu e entregou-os para serem salvos – os eleitos. Na verdade, todos os versículos que aparentemente defendem uma expiação universal têm uma explicação que fazem com que estes não se choquem com o ensino bíblico de que Jesus morreu só pelos eleitos. Mas não se vê explicação por parte dos arminianos para os textos que claramente dizem que Deus deu ao Filho aqueles que Ele elegeu "desde o princípio" para serem salvos. Quando a Bíblia diz "que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho" é porque Ele não amou só a judeus, mas porque tem eleitos em todas as nações e raças do mundo. Não podemos aceitar que Deus tenha substituído cada pessoa na cruz, mas só os eleitos, doutra sorte, todos estariam salvos. Por isso, teologicamente, não é certo dizer às pessoas indistintamente que Jesus morreu por elas. O correto é dizer que Jesus morreu por pecadores e os salva completamente. É isso que a Bíblia ensina. Você não encontrará nenhum apóstolo dizendo: "Jesus te ama", mas que os homens se arrependam e creiam no Evangelho. Nós pregamos a todos indistintamente, pois a oferta do Evangelho é para todos, mas é certo que só aqueles que são do Senhor virão. Existem tantos versículos que falam sobre isso e eu antes não conseguia ver.

O quarto ponto é a Graça Irresistível que é a obra do Espírito Santo atingindo os corações e atraindo-os de forma irresistível. Esta graça vai diretamente para os eleitos de Deus e neles opera, infunde arrependimento, fé, dando capacidade ao homem para responder ao Evangelho. Esta é a Graça Irresistível.

O quinto ponto é a Perseverança dos Santos que afirma que um eleito não pode jamais se perder e vai viver de modo santo. O eleito vai viver em santidade, pois este é o propósito da eleição: "Sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor" (Ef.1:4). Santidade é sinal de eleição. Este é o Evangelho da graça que visa a glória de Deus porque mostra que Deus salva soberanamente a quem Ele quer; a glória é dEle.

Por que estou afirmando tudo isso? Porque quero mostrar a diferença com o pensamento arminiano. O Evangelho que os calvinistas pregam é duro, pois diz: "Não foram vocês que escolheram a Cristo, mas Cristo é quem os escolheu. Não é você quem decide ou aceita, não! Mas é Deus quem salva por Sua graça, pois é soberano. O que você tem de fazer é buscar esta salvação clamando com toda a força do seu coração; tem de clamar e suplicar pedindo a Deus que lhe dê arrependimento e fé para crer no Senhor Jesus". Isto é o que a Bíblia ensina. A soberania de Deus é vista assim e a glória é toda dEle. Mas a pregação arminiana diz: "Dê uma chance para Jesus, Ele morreu pelo mundo; coitado, lá na cruz Ele sofreu e você não faz nada; abra o seu coração, você precisa vir e terá isto e aquilo...; terá prosperidade e vai melhorar em tudo". Veja que a glória é colocada no homem quando se afirma que ele pode fazer através do seu livre-arbítrio, e que a salvação depende dele, pois a decisão está nas suas mãos. Para o arminiano é você que vai, com sua iniciativa salvar a reputação de Deus. Eles perguntam: "Você não vai fazer nada?".

Perguntamos: Qual das pregações é a teocêntrica e qual é a antropocêntrica? Qual a que visa a glória de Deus? Está claro que o arminianismo é antropocêntrico visando a glória do homem, mas o calvinismo é teocêntrico, visa a glória de Deus. O arminianismo diz que Deus existe para nos ajudar, para nos abençoar; Deus existe para nos satisfazer. Mas é o contrário, nós existimos para a glória de Deus. Infelizmente nossas igrejas, presbitérios e a direção da Igreja não têm visto isso. Não há uma preocupação no sentido de reciclar os pastores (com exceções, isso é óbvio) e restaurar a doutrina da Igreja conforme está expressa na Confissão de Fé de Westminster.

Outro comprometimento grave na evangelização tem chegado aqui no Brasil e muitos pastores estão envolvidos com ele. É o Movimento de Crescimento de Igreja (leia Fazendo A Igreja Crescer - Editora Os Puritanos) que começou com McGravan. Seu discípulo, Peter Wagner, que tem sido muito apreciado hoje por seus livros, "comprou" a ideia e o princípio deste movimento nasceu da dificuldade que encontrou McGravan quando era missionário na Índia, para ver convertidos. Ele pensou que alguma coisa estava errada com a forma de evangelizar e concluiu que precisava fazer alguma coisa para "a coisa funcionar". Por isso, começou a examinar a evangelização pela ótica do pragmatismo. Ou seja, "se funciona, está certo". Então, a pergunta mais importante é: o que temos de fazer para funcionar, para que as pessoas se interessem em vir para a igreja? Ele começou a usar as "ciências" para ajudá-lo: sociologia, psicologia, marketing, ciência da comunicação, gerenciamento de empresa, etc. Ele estabeleceu uma metodologia dentro deste princípio pragmático. Usando estes recursos ele estruturou um sistema para evangelizar. Naturalmente que ele não iria usar o costumeiro método de mandar alguém a qualquer lugar para pregar o Evangelho, mas procurava identificar se aquele local era propício para se semear a Palavra, ou seja, se os resultados poderiam ser imediatos, se funcionariam logo. Se você insistisse em um lugar e não visse resultados estaria desperdiçando tempo e os recursos empregados. A orientação era: vá para um lugar onde é fácil a aceitação e não para um onde seja difícil. Por isso, defendia o chamado "mapeamento". O que é isso? Você deve chegar a uma cidade ou lugar e começar a colher informações sobre a existência de igrejas, o número de habitantes (número pequeno é desaconselhável), a receptividade das pessoas, etc. A isto ele deu o nome de "teste de solo". Se aquele "solo" não é favorável, nem tente! Vá a outro lugar onde o crescimento é mais rápido, quem sabe, depois poderá voltar ali. Essa metodologia está sendo muito utilizada no mundo evangélico. Veja o "marketing" sendo usado na Igreja. Temos de fazer propaganda para atrair, usar fórmulas que façam as pessoas se interessarem e assim venham para Cristo. Hoje, temos igrejas nos Estados Unidos onde não se têm mais púlpito. No seu lugar há um sofá grande onde o pregador senta-se para "bater papo", ou um telão onde aparece um filme ou uma partida de basquetebol; é sempre usado o testemunho de alguém que "encontrou" a Cristo; chegam até a usar o seu cachorrinho para fazer uma aplicação... tudo para tornar o ambiente agradável e propício aos ouvintes. Tudo isso está dentro deste programa pragmático. O plantador de igreja tem que ter um número "x" de pessoas convertidas, dentro de um tempo "x" para ser considerado plantador de igrejas. Deste modo ele terá de utilizar estas coisas para plantar e para "segurar" as pessoas. O mais importante não é a mensagem, mas a audiência. Você deve pregar o que elas querem ouvir. Teologia não é importante, doutrina não é importante e sim a metodologia que faz a igreja crescer mais rapidamente. É a era do pragmatismo na evangelização, onde o que interessa são os números. Hoje há uma pressão em relação aos números. Pobre daquele pastor que quer ser fiel e luta na sua igreja pregando o Evangelho na sua essência, muitas vezes com as verdades duras da graça. Esses serão condenados por este Movimento de Crescimento de Igrejas e pelos pragmáticos.

Mas, se Cristo fosse um pragmático e visse aquela multidão procurando o "pãozinho", Ele faria mais um milagre na intenção de conquistá-la. Porém, Jesus disse que eles estavam enganados. Ele pregou um sermão duro: "Vocês têm de comer minha carne e beber o meu sangue". Ele estava dizendo que para ser cristão, um seguidor dEle, teria de lutar. Jesus foi tão duro com eles que começaram a abandoná-lo. Quando vejo este texto em João 6, visualizo os discípulos atrás de Jesus vendo a multidão e os seguidores indo embora, e então penso que eles comentaram uns com os outros dizendo: "Se o mestre não maneirar não vai ficar ninguém." Mas Jesus se dirige a eles e diz: "Vocês também não querem se retirar?". Mas acho que o mais importante é o versículo 44 e o 65 (João 6) quando Jesus diz que ninguém pode vir a Ele se o Pai não o trouxer, se do Pai não for concedido. É como se Jesus dissesse: "Não vou maneirar de modo algum, o Evangelho é este aí que tenho apresentado; não é fácil, vocês têm de tomar a cruz, entrar pela porta estreita, pelo caminho apertado, e só aqueles que são do Pai virão, seja a mensagem dura quanto for; eles virão!"

No entanto hoje percebemos que há um movimento para você ser "amável", "amigável", na sua maneira de pregar; esconder algumas verdades mais duras e falar só o que é agradável. Estive em um certo país do primeiro mundo e fui visitar uma destas igrejas que estão adequadas ao programa de Crescimento de Igreja. Fiquei preocupado com o pastor daquela igreja. Ele estava nesta "pressão". Se não cumprisse com o programa não seria considerado um "plantador" e perderia seu salário. Eu iria pregar naquela igreja e antes ele conversou comigo e me deu algumas explicações do contexto daquele lugar. Ele disse: "Preste atenção, aqui temos pessoas que saem de seus países e vêm para cá em busca de emprego e dinheiro e não podem logo trazer a família. Esperam alguns anos e por não poderem trazer a família 'arranjam' outra mulher e outra família. Nós temos de ser 'compreensivos' com esta situação. Além do mais, eles ficam no país ilegalmente e conseguem trabalho para sobreviver, muitas vezes escusos e também ilegal; se envolvem com falcatruas e outras coisa ilegais. O que posso fazer, senão ser tolerante?"

Quando você começa a trabalhar basicamente com os resultados como alvo principal, está pecando tremendamente contra Deus. Por quê? Porque os resultados pertencem a Deus, ao Espírito Santo. O resultado é terreno sagrado. Nós abominamos isso. Podemos ter alvos de alcançar pecadores, podemos até programar atingir determinada área da cidade, etc. Mas ter alvos de plantar trezentas igrejas até tal ano é errado, porque igrejas são formadas por convertidos, regenerados. É o mesmo que se estabelecer um alvo de "x" convertidos num determinado espaço de tempo. Quando fazemos alvos de ter um número fixo de convertidos em determinado tempo, extrapolamos nossa capacidade e entramos na área de Deus. O pior é que para isso temos de "ajeitar" a mensagem e baratear a graça até alcançarmos estes alvos.

Devemos sempre lembrar: pragmatismo é antropocentrismo. É usar recursos humanos na evangelização, metodologia humana e isso não é bíblico.

Liturgia x Entretenimento

O propósito hoje é fazer um culto agradável, animado, "vivo". Ouço pessoas dizerem: "Vamos cantar tal música porque é uma maneira gostosa de louvar a Deus. Este é meu estilo". Mas se há preferência por estilo, o que na verdade existe é uma ênfase no que agrada ao homem e não naquilo que agrada a Deus na adoração. O que agrada a Deus é essencial e só encontramos como está explicitado nas Escrituras. O culto pertence a Deus, pertence exclusivamente a Ele; não é nosso. Culto é o encontro de Deus com Seu povo, onde Ele estabelece o que Lhe agrada para sua adoração. Ele tem já estabelecido na sua Palavra como deve ser o culto agradável aos seus olhos. As pessoas ficam muitas vezes tentando fazer uma liturgia para os incrédulos se sentirem bem e saírem satisfeitos. Mas os incrédulos têm de ser quebrantados e evangelizados para que se arrependam e não para serem agradados no culto; nunca foi este o propósito de Deus. Não vemos na Bíblia esta orientação de que se deve evangelizar com os cânticos, como se Deus tivesse dito: "Ide por todo mundo e cantai." Não, este não é o ensino da Palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir e ouvir o louvor? Não! A fé vem pela pregação. Louvor é para Deus e devemos usá-lo para adorar ao Senhor. É verdade que Deus pode usar o louvor a fim de, em algumas ocasiões, predispor o coração de alguém para ouvir a exposição da Palavra. Não existe na Bíblia nenhuma orientação para se usar louvor para evangelizar. Precisamos corrigir isto.

Muitas vezes somos tentados a fazer certas coisas pensando que Deus vai gostar porque fazemos com toda sinceridade, devoção e boa intenção, mas não é correto, não serve. A boa intenção que agrada a Deus é ir à Bíblia e perguntar: o que devo fazer para agradar ao Senhor e ganharmos os incrédulos para Cristo? Culto é algo tão sério para Deus que qualquer coisa que não seja o que Ele ordenou é fogo estranho e sabemos que a resposta de Deus foi muito séria contra Nadabe e Abiú; Deus os matou. A conversão vem sempre pela Palavra de Deus, pois a Bíblia diz que nós fomos regenerados mediante semente incorruptível da genuína Palavra de Deus. As pessoas esquecem que na adoração a Palavra de Deus é central. A pregação e o ensino foram o centro do ministério de Cristo e dos apóstolos. Muitos pensam que pregar é só falar aos outros, porque ninguém prega para Deus. Nada mais equivocado, pois na pregação não só falamos às pessoas, mas falamos das grandezas de Deus e nisso Ele é glorificado. Pregação, além de ser adoração e um meio de graça, é o método de Deus para converter pessoas. O jovem e famoso pastor escocês, Robert McCheyne, dizia que os ministros deviam estar sempre lembrados de que as almas são livres do inferno e salvas para Deus através da pregação. Esta é a maior obra do ministro do Evangelho - pregação.

Doutrina

O que temos hoje na igreja é o pluralismo teológico e a tolerância doutrinária. Dizem que ao combatermos isso nós nos tornamos radicais e extremistas. Mas, pluralismo é do diabo, foi maquinado no mais profundo inferno. O pluralismo religioso diz assim: "Você quer ser dono da verdade, é? Ninguém é dono da verdade! Há várias formas de se ver a verdade; você tem o seu jeito de interpretar, mas outros podem pensar diferentemente". Pluralismo é o irmão gêmeo do relativismo. Não há uma posição definida. Hoje há uma ojeriza à verdade absoluta; não existe verdade absoluta, isto não é politicamente correto - dizem. Vivemos uma época em que não damos o menor valor às confissões de fé reformadas - no meio presbiteriano hoje, muitos nem conhecem os padrões de fé de Westminster e as crianças nunca memorizaram nada dos catecismos. Muitos dizem que aceitar as Confissões é radicalizar, pois é dogmatizar a verdade. O pensamento liberal afirma que cada um tem sua interpretação. Isto é antropocentrismo, é filosofia humana introduzida na Igreja. Se você tiver posições definidas será acusado de radical, prejudicará a mensagem e no fim sobrarão poucas pessoas. Acham que se sua mensagem for forte, direta e bíblica, as pessoas ficarão ofendidas, pois devemos respeitar as ideias dos outros. Irmãos, cuidado com pregações que não trazem a verdade absoluta e não nos confrontam com a verdade, na suposição de que, se assim for, as pessoas serão feridas na sua sensibilidade. Temos de pensar como Spurgeon, o qual afirmava que a instrução deve ser ministrada de forma definida e dogmática; que os professores dos seminários não deveriam ensinar de modo vago e liberal, apresentando "diferentes pontos de vista" e deixando para o aluno a escolha daquilo que lhe convier; pelo contrário, devem mostrar de modo convincente e inconfundível a mente de Deus e posicionar-se de forma resoluta pelo "antigo Evangelho", saturar-se com ele e por ele estar dispostos a morrer. 

Temos que jogar fora tudo isso que for mundanismo dentro da Igreja: o pluralismo e tolerância doutrinária. É claro que temos de ser tolerantes, mas não com o erro. Temos que voltar à verdade e a Igreja Presbiteriana, que é confessional (temos uma Confissão de Fé de Westminster), deve louvar a Deus por esta bênção. O diabo tem horror à Confissão de Fé e a igreja está à beira da ruína por desprezá-la. A verdade da Palavra de Deus é infalível. Sei que a Confissão não é infalível e os que a redigiram seriam os primeiros a dizer isto, mas não existe nenhuma expressão doutrinária retirada das Escrituras com mais coerência e exatidão da verdade do que este documento. Este legado tem sido desprezado, "jogado para trás" e por isso a Igreja está cada vez mais parecida com o mundo. Nossa luta é por restaurar a verdade absoluta de Deus. Se nós fizermos assim vamos excomungar o lixo e estabelecer a única unidade proposta nas Sagradas Escrituras: em torno da doutrina, em torno do ensino verdadeiro. Devemos ter um só batismo e uma só fé. Até que cheguemos à unidade da fé. Que fé? A doutrina! Devemos ter unidade na doutrina e aí teremos um só pensamento. Isto é teocentrismo!

Liberalismo ético

Temos que analisar I Co. 9:19-23. Alguém pode dizer: "Está vendo, Paulo usa de estratégia, ele é pragmático, ele fez concessões, cedeu nas suas convicções, se fez de fraco para alcançar os fracos". Isto é desconhecer Paulo. Se Paulo tivesse negado suas convicções ele jamais teria sido apedrejado, não teria sofrido perseguição nenhuma. Paulo não está aqui dizendo que sacrificaria a verdade, a mensagem do Evangelho para ganhar alguém - nunca! Ele diz que pessoalmente se sacrifica, que estaria disposto a sofrer o que fosse necessário, mas não "negociaria" a verdade do Evangelho. Alguns dizem que Paulo falou que não importava que o Evangelho fosse pregado por inveja, porfia, contenda, contanto que o Evangelho seja pregado. Então, concluem que não importa o que é dito ou como é feito. Seria isso? Mas Paulo está dizendo que as pessoas podem ter até desejos e objetivos errados no seu coração, mas se estão pregando a verdade como ela deve ser pregada, até isso Deus usará. Porém, Paulo nunca aceitou negociar o Evangelho. Vejamos em I Co 2.1-5: "...não o fiz (anunciar o Evangelho) com ostentação de linguagem, ou de sabedoria....A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a fé não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no poder de Deus." Paulo disse ainda em I Ts 2.3-6: "Pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo...assim falamos, não para que agrademos a homens, e, sim, a Deus...nunca usamos linguagem de bajulação...jamais andamos buscando a glória de homens..." Gl 1.10: "Porventura procuro eu agora o favor dos homens, ou de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo". Como podemos, diante destes textos, pensar que Paulo fizesse concessões em favor dos homens? Paulo nunca negociou a verdade do Evangelho e nunca abriu mão da sua santidade e da sua ética. Ele falou que, por causa da consciência e da liberdade cristã, você não deveria comer aquilo que pudesse escandalizar um irmão mais fraco.

Não podemos abrir mão da verdade. O que vemos na igreja de hoje é o liberalismo ético. Muitos dizem que não há importância se você burla o fisco, vende produtos sem nota e dá propina, ou se está vivendo maritalmente com alguém, mas está cheio de boa intenção, está desejando o crescimento da Igreja, dá um bom dízimo... Isto é antropocentrismo; é igreja mundanizada.

Como ser teocêntrico?

1. Na evangelização, temos de ser fiéis à Palavra de Deus; é pregarmos o Evangelho da graça do nosso Senhor Jesus Cristo, todo conselho de Deus. Muitas vezes temos um sermão para a igreja e um sermão evangelístico. Muitos dizem: "Pastor, faça um sermão evangelístico, nós temos muitos visitantes". O que é um sermão evangelístico? Eles dizem que é falar do amor de Cristo, que se deve voltar para Ele, e fazer um apelo, etc. A verdade é que nós achamos que a conversão das pessoas só é possível se falarmos o que as pessoas querem ouvir, aquilo que satisfaça seus interesses. Mas Deus converte uma pessoa através da Palavra, pela pregação expositiva da Palavra de Deus e todo conselho de Deus; exatamente através de uma pregação que muitos consideram ofensiva às pessoas. Não temos de escolher coisas mais amenas e pregá-las, mas temos de pregar a Palavra, explicando-a e fazendo a aplicação devida do texto para os crentes, para os incrédulos e para adultos e jovens. Ou seja, para os crentes e descrentes que estiverem ouvindo. Uma mensagem fiel às Escrituras, que mostra o amor de Deus e Sua justiça, mesmo que seja dura muitas vezes. A mensagem pode ser aguda, mas sempre deve trazer o bálsamo da graça. É exatamente através dela que o Espírito de Deus trabalha nos corações e não pelo desempenho do pregador, pelo seu jeito de falar. Isto é teocentrismo: ser fiel na pregação da Palavra de Deus que exalta a pessoa de Deus e abate o homem e o coloca no seu lugar devido: "boca no pó". Temos de crer que o Espírito Santo fará a Sua obra e que a Palavra não volta vazia, mas fará aquilo para a qual Deus a tem designado.

O pregador precisa orar e pregar com autoridade, poder e fidelidade à Palavra do Senhor; as consequências estarão com o Senhor, pois Ele fará a obra.

2. Na liturgia, temos de ter um culto simples que vise a glória de Deus, sabendo que no culto reformado, a prioridade não são os cânticos, não é a oração, mas é a pregação e exposição da Palavra; ela tem de ter lugar central e temos de retomar isto. É ela que exalta a Deus, que exorta e edifica os crentes e que converte pecadores.

3. Na doutrina, temos de ser reformados e usar a Bíblia como toda suficiente, autoritativa e inerrante. Temos de usar a Confissão de Fé, pois é uma arma potente para aferirmos nossos conceitos e identificarmos os erros que hoje adentram no arraial evangélico. Temos de usar os catecismos para as crianças, a fim de criarmos uma mentalidade teocêntrica nas gerações que virão.

4. Vida de santidade. Precisamos de vida santa mais do que de metodologia, de palavreado, de ser amigável para que as pessoas venham; o testemunho de uma vida santa é o que fala alto. Disso, estamos precisando hoje, vida de compromisso, vida pura, irrepreensível diante de Deus. Fomos eleitos para isso, disse o apóstolo Paulo aos efésios.

Mas eu pergunto: devemos nos interessar pelo crescimento da igreja em números ou não? Sim, não devemos nos acomodar com o fato de que só haja cinco pessoas na igreja e o que importa é que estejamos pregando a Palavra de Deus. Não deve ser assim. Devemos pregar sentindo no coração o incômodo por ver pecadores caminhando para perdição e crentes que fraquejam em sua devoção por uma vida de frieza espiritual e na busca de um viver santo. Precisamos chorar aos pés do Senhor em favor dos perdidos, clamando a Deus por um genuíno quebrantamento, arrependimento e um verdadeiro avivamento. No passado, os puritanos derramavam a alma diante de Deus por avivamento. Lembramos de David Brainerd. Foi um moço de vinte e poucos anos que foi trabalhar entre os "pele-vermelhas", nos Estados Unidos. Começou a pregar aos índios, mas era muito difícil, pois ele tinha dificuldades em falar a língua deles. Muitas vezes, David Brainerd tinha de se utilizar de um intérprete completamente bêbado, mas mesmo assim pregou um ano, dois anos, e nada acontecia. Ele conta no seu diário que ficava orando pela alma daqueles índios indiferentes, de tal forma e em tal agonia que mesmo na neve sua camisa ficava molhada de suor ao implorar diante de Deus, diante do Seu trono, em favor daquelas almas. Por que David Brainerd não procurou fazer uma festinha lá entre os índios para atraí-los, mas insistiu em pregar, pregar e pregar a Palavra de Deus? Por que ele insistiu em falar da morte de Cristo que nos faz mais alvos que a neve, se eles não queriam nada com o Evangelho? Mas esta era a palavra que ele tinha de pregar, era a palavra que Deus estabelecera e a qual ele foi enviado a anunciar como fiel ministro. Por isso ele insistiu na pregação até à agonia. Em vista do seu trabalho naquela região fria, David Brainerd adoeceu de tuberculose por perder suas defesas físicas, mas Deus, por fim, fendeu os céus e derramou um grande e poderoso avivamento entre aqueles índios "pele-vermelhas". Numa reunião tão pequena, com algumas mulheres, de repente a onda do Espírito veio e aquelas índias se prostraram em choro e quebrantamento pelos seus pecados diante do Senhor. Outros e outros índios vieram e muitas conversões aconteceram em meio a choro, arrependimento, quebrantamento, rendição aos pés do Senhor; em meio a um grande avivamento que atingiu a todos. A Palavra fez isso!

O mesmo aconteceu com Jonathan Edwards, cuja filha era noiva de David Brainerd e que também morreu de tuberculose cuidando do seu noivo. Jonathan viu o grande avivamento acontecer na Nova Inglaterra quando pregou aquele sermão tão rejeitado hoje: Pecadores Nas Mãos De Um Deus Irado. Se há um sermão que o pragmatismo abomina é este. Um pragmático diz: nunca pregarei um sermão assim. Mas foi este sermão, essencialmente teocêntrico, que Deus usou para trazer o grande despertamento, onde milhares se converteram a Cristo, no século XVIII. Temos de crer no avivamento, devemos desejar avivamento, quebrantamento, arrependimento nas nossas vidas e na Igreja. Devemos rejeitar estas práticas mundanas antropocêntricas dentro da Igreja e lutar por um retorno à verdade para a glória de Deus. Eu desejo este arrependimento na nossa Igreja no Brasil; desejo que nela haja choro, lamento e arrependimento genuínos no poder do Espírito Santo atingindo os corações pela pregação fiel da Palavra de Deus.

Irmãos, desejo intensamente ver, com meus olhos, esta bênção na minha amada e querida Igreja. Que Deus faça isso! Teocentrismo e não antropocentrismo. Uma Igreja conforme o padrão de Deus e não conforme o mundo.

Amém!

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Sobre o autor: Josafá Vascocelos é Pastor da Igreja Presbiteriana da Herança Reformada em Salvador; foi Presidente do Presbitério da Bahia; conferencista reformado no Brasil e exterior; foi membro da Comissão de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil. Autor e tradutor de diversos artigos publicados na revista Os Puritanos e dos livros: "Nada se Acrescentará" e "O Outdoor de Deus".

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