sexta-feira, 19 de junho de 2015

Qual sentido da expressão “imagem e semelhança de Deus”? - Por Themmy Lima

Qual sentido da expressão “imagem e semelhança de Deus”? - Por Themmy Lima
Qual sentido da expressão “imagem e semelhança de Deus”?



Gênesis 1.26
E
disse Deus:
[1]Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
e domine sobre os peixes do mar,
e sobre as aves dos céus,
e sobre o gado,
e sobre toda a terra,
e sobre todo réptil que se [2]move sobre a terra.

וַיֹּאמֶר אֱלֹהִים נַעֲשֶׂה אָדָם בְּצַלְמֵנוּ כִּ‍דְמוּתֵנוּ [3]
            Ao longo dos séculos não é difícil encontrarmos pessoas em busca da resposta, o que realmente vem a ser, ou como entender o sentido da expressão bíblica “imagem e semelhança de Deus”.
            Seria pretensão estabelecer uma afirmação final para a questão, contudo, é interessante esclarecer ao leitor meu ponto de vista quanto à questão “imagem e semelhança”, para tanto, segue minha linha de pensamento.
 DESMEMBRANDO O VERSÍCULO
            Segundo o comentário de Matthew Henry a criação de o homem ter ocorrido na segunda parte do sexto dia se deu em favor deste, ser, ter sido o ultimo da criação; Certamente para não dar entender há algum  herege, que o homem possa de alguma forma ter contribuído com Deus na criação.
Há de se entender, contudo, que qualquer que seja a questão a ser resolvida, deve-se, sobretudo, voltar os olhos para os feitos de Deus e não ao homem como mero expectador.
  O contexto em que a questão é estabelecida carece da analise perfeita da linha de pensamento a ser defendida.
Assim, devemos observar que o texto proposto em (Gênesis 1.26), é claro ao dirigir a narrativa da criação.
 Ele claramente estabelecendo a soberania de Deus.
Além do que é uma afirmação.
Procedente do próprio Deus Criador, não de expectadores, observe:
E disse Deus”!
Esta expressão por si só já define em totalidade qualquer sentido exigido pelo texto, mas a seqüência é ainda melhor por que aparece o que a teologia entende como sendo “plural de majestade”, ou seja, forma pluralística usada pelos judeus para estabelecer varias formas de atuação por parte de um ser majestoso.
A questão sobre o termo “plural”.
Então, o primeiro ato para entender o que seja plural de majestade é entender o que seja “plural” – esta é a flexão em número de uma palavra, podendo ser voltada a nomes ou a verbos.
No tocante a variação de uma palavra, o singular consiste em unificá-la, tornar o significado da palavra um único elemento, enquanto o plural, para mais de um elemento. 
A questão sobre o termo “majestade”
Já o sentido de “majestade” é voltado a – expressar o caráter do que impõe respeito e veneração, logo plural de majestade é em sentido mais objetivo o que podemos defender como sendo o ato de “estabelecer respeito e veneração do caráter de quem apresenta suas varias formas de agir”.

A questão sobre o conceito judaico
            No conceito judaico – a pluralidade de majestade é aplicada em referência a um verdadeiro Deus.
Por exemplo:
O nome plural no hebraico para Deus é “Elohim”, pois denota majestade, excelência, superioridade, respeito e veneração, referindo-se à infinita plenitude e grandeza ilimitada de Deus e também  designa mais o sentido “quantitativo” de que a pluralidade numérica.
            Por isto, a expressão “façamos”, deva ser entendida como uma das várias formas de atuação do Deus (Elohim), pois, ela também coloca o homem como governador das coisas inferiores, e responsável por representar Deus entre elas estabelecidas sobre a palavra “domine = governe”.
            Todas as vezes que encontrarmos a expressão “Elohim” se identificará a multi forma de atuação de Deus.  

Conceito de imagem e semelhança
            Antes de prosseguirmos com a questão sobre “imagem e semelhança” é necessário a apropriado esclarecer que esta expressão no conceito judaico é subdividida.
            Moisés Maimônides também conhecido pelo acrônimo Rambam, foi um filósofo, religioso, codificador rabínico, médico e extremamente respeitado no meio de seus contemporâneos.
Ele diz que:
            Há de se distinguir “alma e espírito” para melhor entender o sentido de “imagem e semelhança”, assim quatro distinções separam esta linha de raciocínio.

Tsélem                        forma
Demut                        semelhança
Tôar                            aspecto
Tavnit                         configuração

Tsélem e Demut representam a condição espiritual – sendo este o único meio capaz de elevar o homem a Deus por que aponta para a imagem mental, moral e espiritual de Deus.
Tôar e Tavnit representam a condição material – não se podendo atingir a presença de Deus pela matéria. 

Baseado em Maimônides através da sua linha de pensamento, podemos identificar a triunidade divina. 
Deus PAI – Deus FILHO e – Deus ESPÍRITO SANTO
            E o homem em sentido da sua formação é espírito, alma e corpo.

PAI
FILHO
ESPÍRITO SANTO

Alma
Corpo
Espírito

            Dentro do conceito teológico podemos com certo grau de exatidão pontuar que com base na leitura de Gênesis 1.26, estabelecer que não se deva tratar o sentido de “imagem e semelhança” como sendo referente à parte física de Deus, visto quer através da boca do próprio Deus encarnado afirmou que “Deus é espírito” (Jo 4.24).
            Uma leitura detalhada deste versículo o leitor poderá identificar que a palavra “espírito” encontra-se em letra minúscula distinguindo o ESPÍRITO SANTO a composição triuna da trindade (O SER DE DEUS), do espírito de vida a qual o homem possui, ou seja, a composição da formação do homem.  

Conceito teológico para
imagem e semelhança
            As palavras imagem e semelhança se reforçam mutuamente, pois um detalhe as estabelece, não existe a vogal “e” para dar distinção entre elas, mas ao mesmo tempo causa a integridade de ambas.
            A “imagem” pode ser considerada a indelével constituição do homem como ser racional e como ser moralmente responsável e a “semelhança”, é a harmonia com a vontade de Deus, perdida parcialmente na queda, a distinção existe, mas não coincide com esses termos.
Depois da queda, ainda se diz que:
1) o homem é segundo a  imagem de Deus (Gn 9.6)
2) e a SUA semelhança (Tg 3.9)       
            Portanto “imagem e semelhança” referem-se à parte moral do homem em relação a Deus.
            Sendo Deus, espírito, como afirmado por Jesus no Evangelho de João (Jo4. 24), não é apropriado tomar a iniciativa de materializá-lo a fim de saciar a finita mente humana.
            Tomar este processo como correto é o mesmo que diminuir o SOBERANO ao estado da criatura.
No meio teológico tal processo é conhecido como “[4]antropomorfismo”, ou seja, atribuir a Deus comportamentos e pensamentos característicos do ser humano.
            Ao passo que o próprio Deus permitiu ao homem o “teomorfismo”, ou seja, a semelhança moral do homem em relação a Deus, para que ambos posam se comunicar.
            Ainda que com a queda o homem tenha perdido parte de sua capacidade de comunicação e vivência com Deus, ele ainda possui partículas deste Deus bondoso e amoroso, por isto, peregrina num autentico processo de restauração da sua imagem, chegando à semelhança daquele que é SEU CRIADOR.
            O homem jamais será Deus, mas possui características morais de Deus em si.
            Por exemplo, o homem, pensa, tem vontade própria, tem sentimento e muitos outros atributos coligados a Deus como ser dependente.
            O renomado lingüista James Strong pontua seu comentário a expressão “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” com singular visão diz-nos ele: “Quando são usados pronomes no plural – “[5]façamos” -, isto, indica a pluralidade de pessoas (um plural de número), ou o conceito de excelência ou majestade que pode ser indicado desta mesma maneira em hebraico? Deus poderia estar (1) falando com os anjos, (2) com a terra, (3) com a natureza, referindo-se a si mesmo em relação a algum deles? Ou esta é uma indicação germinal de uma distinção de pessoas na Divindade?” Não se sabe ao certo.
            Até a vinda de Jesus não se tinha uma definição entendível sobre a Trindade ainda que fosse indicada em outras perícopes. (Is 48.16)

Conceitos Teológicos
            [6]Nós não acreditamos, sob hipótese alguma, em três deuses. Nosso Deus é Um, e seu nome é YHWH (Adonai; HaShem). Ele se revelou a nós através de seu Filho, o Messias, que é sua própria imagem e reflexo, e, no que tange à interação de Deus coma humanidade, ele nos toca e fala conosco através de seu Espírito.
A teologia define IMAGEM – como um termo empregado para retratar a forma “[7]antropológica” do homem em relação à imagem e semelhança de Deus, porque sobre ele consistem quatro sentidos primários do governo divino.
1.      Conhecimento
2.      Justiça
3.      Verdade
4.      Santidade

Identifique isto, lendo Efésios 4.24 e Colossenses. 10 não existem dificuldades em afirmar que nossos ancestrais Adão e Eva tinham sobre si a verdadeira separação (santos) e eram felizes (bem aventuranças) uma vez que a imagem serve para expressar e não para descrever 
            Quando o pecador ouve o evangelho lhe dá ouvidos, as palavras que lhe soaram aos ouvidos penetram em seu coração ele passa “participar” da imagem de Deus, (Rm 8.29; IICo 3.18).
Observe que não é dito que o homem passa “ser” a imagem de Deus, mas que ele participa desta imagem.
Este processo é chamado na teologia de remissão, por isso, o homem remido tem o direito de participar da natureza divina. (Jo 1.12) Por que Cristo é a perfeita imagem de Deus (Cl 1.15), mas na redenção o homem pecador passa a participar da imagem do ultimo Adão (Cristo), embora ainda retendo a imagem do primeiro Adão (1Co 15.45-49)

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. (Rm 8.29)
 Mas todos nós, com cara descoberta,  refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. (2 Co 3.18)

            É certo que o homem tem sua alma danificada pela queda que resultou no sofrimento pelo pecado, mas ao ter

A teologia também define SEMELHANÇA – com um termo que aponta para “modelo ou forma” usada para criar um símile de comparação entre duas coisas ou seres diferentes.
            Por exemplo, somo comparados a Deus em sua condição moral, mas não somos Deus em essência, por que:
            DEUS não peca          – nós pecamos.
            DEUS não muda        – nós somos mutáveis.
DEUS é eterno           – nós somos perpétuos.

Enquanto a palavra imagem é extensiva em sua proposta a palavra “semelhança” aparece no texto do Gênesis como uma importante adição, pois delineia a criação como um mero fac-símile de Deus como tal distinta DELE. No antigo oriente as divindades eram consideradas aos deuses, mas na Bíblia a palavra “semelhança” serve para distinguir Deus dos humanos criados.
            Os teólogos medievais apontavam “imagem e semelhança” como sendo similares, no entanto, este foi um erro grosseiro visto que com maior grau de exatidão os teólogos atuais compreendem com eficácia que enquanto o termo imagem serve para referir a razão natural o termo semelhança serve para assegurar a distinção entre o homem e Deus.
O apostolo João definiu esta verdade sobre a semelhança do homem com Deus desta maneira:
Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”. (1Jo 3.2)

            A expressão, “amados” – aponta para os membros participantes do corpo de Cristo “a igreja”, na seqüência o apostolo nos fornece duas garantias, “agora, somos filhos de Deus” a primeira quanto à questão “agora” que sintoniza o período da igreja, o segundo quanto a nossa filiação com Deus, “somos filhos de Deus”, posto esta realidade ele passa para a explicação de como nos encontramos na atual era, “ainda não se manifestou o que haveremos de ser”, contudo nos fornece uma terceira promessa “Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele” – quando ele se manifestar estabelece duas grandes premissas (1) ELE retornará baseado na palavra “quando” a (2) referente sua manifestação, ou seja, seu aparecimento, por fim, nosso tão esperado anseio sendo contemplado “haveremos de vê-lo como ele é”.
imagem e semelhança na igreja
É bem provável que os teólogos atuais respeitem entre si o fato de que a cruz tenha garantido ao pecador a integridade da restauração da imagem perdida de maneira parcial no Eden.
Este processo tenha ocorrido de forma independente da redenção, porém sema, desmerecer os processos subseqüentes a salvação.
Karl Barth – tem um pensamento interessante sobre a imagem de Deus e a igreja, diz: “Quando ao homem foi dada a mulher, ele aprendeu algo da importância dos relacionamentos pessoais. O homem é capaz de entrar em relação de pacto com Deus prometeu ligar o homem a si mesmo, neste pacto. Em Cristo, a imago se torna manifesta quando Cristo chama a noiva (a Igreja), para si mesmo. Logo, para vermos a verdadeira imagem de Deus, devemos olhar não para o individuo isolado, e, sim, para Jesus Cristo e a sua congregação (imagem), onde encontramos a concretização da imagem de Deus. Assim entendemos algo do que Deus é e do que Ele faz”.
Até mesmo a igreja católica independente de seus ritos pagãos, positivamente pontua de forma aceitável sobre a imagem e semelhança de Deus, dizem eles, “Se a imagem de Deus tivesse sido destruída na queda, então o próprio homem teria deixado de existir. Assim, a imagem de Deus continua no homem, embora ele precise ser ajudado pelos meios da graça”.
Como cristãos confessos, entendemos favoravelmente que Jesus Cristo é Deus, firmados em suas palavras “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.10) que enquanto na forma corpórea foi plenamente Deus e plenamente homem, por isto, possui em ambas as formas a imagem de Deus, “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1.15) logo os que a ELE se acheguem terão sua imagem e semelhança, “assim também nós, conquanto muitos somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,” (Rm 12.5).

Conclusões finais
            Por fim, a resposta a questão.
Qual sentido da expressão
“imagem e semelhança de Deus”?

            Deve ser respondida sob a condição de antes questionarmos o texto o verdadeiro sentido de tal expressão.
A saber:
            Por que Deus acresceu a terminologia “imagem e semelhança”?
            Certo é que ELE poderia apenas ter dito.
            “Façamos o homem”! – sabendo, que para nós isso, já seria suficiente para compreendermos o estabelecimento.
Contudo na intenção de estabelecer sentido futurístico à criação humana, e vale lembrar, sabendo a queda que ocorreria este Deus TODO PODEROSO, anteviu os acontecimentos.
ELE preferiu acrescentar os vocábulos “imagem e semelhança”, para distinguis o segundo Adão do primeiro.
Depois de acentuada discussão sobre imagem e semelhança podemos concluir que caso Deus ao tivesse agido desta forma certamente teria dado margem aos gnósticos que costumavam usar a palavra “Pleroma”, para representar a totalidade das emanações de Deus incluindo os seres vivos, incluindo os seres angelicais e segundo eles cada um desses seres possuíam a partilhavam parte dessa divindade, sendo uma tênue manifestação de Deus.
Mas omais importante foi estabelecer o REDENTOR, sim, estabelecer os REDENTOR DA humanidade que deveria apresentar ao mundo  criado os dois lados da criação.
O DEUS encarnado e o HOMEM REDENTOR, isto só seria possível sendo ele Deus e homem, por isto que Timóteo registrou Jesus como o intermediário entre Deus e os homens.

Porque um Deus
e um [8]mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo, homem,
(1Tm 2.5)

Observe que o termo “homem” no final da frase compromete o SER DE JESUS REDENTOR para sempre, porque ELE jamais será somente Deus, como antes da encarnação, pois, atualmente esta nos céus a destra de Deus, como DEUS HOMEM, conhecendo e refletindo tanto a imagem de Deus aos homens como a imagem dos homens a Deus.
Conhecendo – porque participou da natureza humana.
Refletindo – porque apresenta diante do PAI as almas compradas com seu sangue.
O autor finaliza defendendo ser, o sentido primário da criação a restauração do homem caído, e o restabelecimento moral da imagem humana parcialmente perdida na criação.
Eis o sentido da imagem e semelhança de Deus em (Gn 1.26).




[1] Eclesiastes 7.29; Efésios 4.24; Colossenses 3.10; 1Corintios 11.7
[2] ou roja
[3] Bíblia Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: German Bible Society; Westminster Seminary, 1996, c1925.
[4] Infelizmente foi exatamente isto que fizeram os mormos que asseveram a materialidade de Deus, e para maquiar suas infelizes interpretações procuram maquiar seus erros atribuindo um sentido superior s Deus em relação às outras espécies. 
[5] Analise e veja se a passagem de Isaías não corrobora para atestar a Trindade na atuação da criação do homem a afirmação textual de que “eu estava ali” não deixa duvidas a presença das três pessoas CRIADOURAS. “Chegai-vos a mim e ouvi isto: j  Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e, agora, o Senhor Jeová me enviou o seu Espírito
[6] Este texto é extraído da Obra Respondendo Objeções Judaicas contra Jesus – Volume Dois.
[7] Os animais foram criados segundo a sua espécie, mas o homem foi criado segundo a espécie de Deus, por isto, fala, pensa, sente e age, esta é sua natureza que em conformidade a imagem de Deus mesmo tendo sido corrompido pelo pecado ainda pode aceitar ou recusar o favor imerecido, ou seja, a graça de Deus.
[8] Eis duas passagens que de forma clara nos mostra a verdade sobre a imagem e semelhança. Galatas 3.20 e Hebreus 8.6

Um comentário:

  1. Muito bem explicado,partilhava dessa linhagem,so que alguma coisa ainda faltava,depois que li tirou todas dúvidas...Deus abençoe

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