sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Que é Sinergismo e Monergismo? - Pr. Themmy Lima


Que é Sinergismo ou Monergismo?  

Pr. Themmy Lima 
É notório entre os cristãos ditos teólogos, professarem sua fé também através dos ensinos pautados na Bíblia Sagrada; Contudo, algumas definições de ordem teológica muitas vezes causam-nos agonia por desconhecerem a profundidade de determinadas palavras ou termos.
Neste artigo apresento a necessidade que o cristão tem de conhecer determinados termos para no momento em que é indagado por uma pessoa poder estar apito a entender a proposta que lhe é oferecida.
Um determinado irmão que expressa sua amizade para comigo (por ética não sito o nome), aconselhou -me posicionar mais solidamente no tocante a minha fé. 

Como se minha fé estivesse pautada somente no que ouço ou leio. 
A proposta foi....Procure "ser mais monergista" de que... Sabe-se lá o que.  
Para o leigo, tal preocupação poderia representar o que chamo carinhosamente de “ajuda humanitária”, cheia de amor e de boa intenção, mas, não é bem isso que o amado amigo queria comigo.
Porque digo isso? - Por que sua suposta ajuda carregava por trás outro intento que procuro apresentar a partir de agora com o intuito de esclarecimento.
Se por um lado me é apresentado o “monergismo”, de outro lado posso concluir haver a existência de um outro lado opositor. E certamente estava certo porque encontramos seu oposto conhecido por “sinergismo”. Logo temos um paralelo de idéias que merecem serem discutidas.
Almejo compartilhar com o leitor a necessidade de quem se propõe ser teólogo de se aprofundar nas terminologias que cercam este cenário, estar familiarizado com palavras que surgem a todo instante no cenário estudantil.
De forma sucinta, porém objetiva apresento o sentido dos termos monergismo e sinergismo a intenção é elucidar as diferenças entre estes dois termos e o perigo que pode causar à fé, dos que os desconhecem.     

Monergismo – Este é o termo que dentro da teologia cristã através de uma subdivisão conhecida por Pnelmatologia (Estudo do Espírito Santo), credita ao Espírito Santo o poder de sozinho atuar no ser humano e propiciar sua conversão. Em suma o monergismo afirma que a salvação emana totalmente de Deus e que o ser humano não tem parceria no processo salvífico.
NOTA*[1]

Sinergismo – Este termo é dentro da teologia cristã o meio pelo qual estabelece a oposição ao “monergismo”, pois, acreditamos que Deus atua parcialmente na salvação partindo DELE a iniciativa, contudo, cabe ao homem aceitar ou recusar a proposta da salvação.  
NOTA*[2]

DEFINIÇÃO DE PARALELISMO – resumidamente defino estes termos da seguinte maneira: O Monergismo – afirma que Deus (Espírito Santo), é quem salva o homem, não cabendo a este ser resistir a salvação, pois uma vez salvo sempre salvo. O Sinergismo – afirma que é Deus (Espírito Santo),quem salva, contudo, o homem pode ou não aceitar a oferta da salvação. A esta aceitação ou recusa chamamos de livre-arbítrio o que é altamente condenável pelos monergistas, afirmando não haver livre-arbítrio na Bíblia. 
O estranho é que a palavra "TRINDADE" , também não aparece na Bíblia, no entanto, eles não negam a existência de um DEUS triuno. A questão então é. Porque uma margem é aceita e outra é recusada. 

Desmembramento de DEFINIÇÃO DE PARALELISMO – A questão é. 
– O homem pode ou não resistir à oferta de salvação?
Quando digo que não.
Então sou monergista por que entendo que Deus estabeleceu que o homem fosse salvo independente das ações e delitos que cometa durante a vida, no fim, será salvo porque Deus decretou uns da sua criação para a salvação e outros para a condenação.
Quando digo que sim.
Então sou sinergista por que não nego ser Deus o SALVADOR da humanidade, contudo, não sofro com a suposta arbitrariedade DIVINA (como acreditam os monergistas), de que Deus tome a decisão por mim; Me renegando o direito de aceitar ou recusar sua oferta de salvação.Independente das minhas ações ou delitos cometidos contra ELE. Ao ato de liberdade fornecido ao homem chamo de amor.

PECADO E PERDÃO – o Monergismo afirma que para determinados pecadores é concedido o perdão quando da morte de Jesus na CRUZ do calvário estando este pecador livre da condenação eterna e automaticamente está garantida sua comunhão com o Espírito SantoEste mover do Espírito Santo torna instantâneo o processo da santificação. Segundo esta linha de pensamento a santificação advém inteiramente de Deus. Para quem acredita nesta linha de pensamento denomina-a por graça irresistível.
Oposição Arminiana (sinergista) – A morte de Cristo no Calvário não foi apenas para um grupo especifico de pessoas conhecidos na presciência de Deus. Outro detalhe é que não faria sentido a morte de Cristo ser pública, não se podendo explicar o texto de (João 3.16). Uma vez que esta morte não seria para todos, mas para alguns e certamente deveria estar presente no ato apenas os que os monergistas chamam de “eleitos”, visto que os demais que não são “eleitos” não fariam o menor sentido presenciarem a morte de Jesus. Seria Deus um masoquista? Creio que os irmãos monergistas também acreditem que não.  

REGENERAÇÃO NA VISÃO MONERGISTA – Nesta linha de pensamento a regeneração é concedida apenas aos que o PAI deu ao FILHO utilizam para isso vários textos como não vou explorá-los todos apresento apenas os que eles mais gostam de citar, os textos são (1Pe 1.3; Jo 6.37-39). 
Esta suposta concessão fornecida por Deus transforma a “alma” (agente atingido na queda), a tornar-se um “SER” ainda que imaterial, tornar-se salvo, por lhe foi concedido a capacitada de atender ao chamado do evangelho. (Jo 1.13). (Mais a frente falarei que o extremismo nem aceita o evangelho)

Oposição Arminiana (sinergista) – O problema destes textos na visão monergista é que não se propõe em nenhum momento classificar apenas pessoas escolhidas a atingirem a salvação através da regeneração, mas ao conhecimento de que a regeneração é possível apenas em Cristo. Por exemplo, em 1Pe 1.3 a palavra “nos gerou de novo” tem o sentido de “vivificar ou trazer nova vida” – o que claramente nos dá entender alterar o modo de vida das pessoas que estavam dispersas no “Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” como afirma o v1 do capítulo. 
Nesta passagem não diz respeito a toda a humanidade (universalismo), mas a regeneração do grupo apresentado que os monergistas acreditam serem os supostos eleitos.
Outro ponto importante está no texto de João 6.37-39 que supostamente foi estabelecido pelo PAI um grupo regenerado pelo Espírito Santo que foi concedido a Jesus, contudo, encontramos um problema.
No v28 é feito uma pergunta à Jesus. 
– “Que faremos para executar as obras de Deus?” 
É a partir deste momento que se estabelece a questão do “pão da vida”, a saber, Jesus.
Neste sentido que os monergista entendem que a expressão “todo aquele” seja uma clara separação de indivíduos para salvação, quando na verdade diz respeito a apenas a alimentação espiritual que aquela pessoas necessitavam. 
A pergunta é: 
Este mesmo pão símbolo do corpo de Jesus; No deserto alimentou a “todos” ou a “alguns”?
Estas são apenas algumas das polemicas existentes nas afirmações monergistas que forçam a doutrina da regeneração ser apenas para alguns previamente escolhidos.

Liberdade x vontade – Se o sentimento de vontade surge em decorrência da liberdade de pensamento, não se pode dizer ser contrária esta afirmativa, uma vez que, a liberdade é quem fornece sentido a existência da vontade; Quando penso ser livre na esperança de ter vontade, me deparo com a liberdade que já possuo em ter a vontade ao meu favor, portanto, numa análise coerente é impossível afirmar que o livre-arbítrio é inexistente na Bíblia. Por que, se o livre-arbítrio não existe logo também não existo, pois, sem o “ser humano” não há existência do sentimento da vontade.   
Esta é certamente uma colcha de retalhos, mas talvez os pontos de vista aqui apresentados não sejam suficientes para creditar ao sinergismo maior veracidade e credibilidade, no intuito de atingir favoravelmente o devido entendimento para a conquista da salvação, mas pelo menos fará com que as pessoas pensem que até mesmo as declarações infundadas dos calvinistas não conseguem anular a responsabilidade humana que o homem possui dentro de si para reagir favoravelmente à iniciativa divina.

CONCLUSÃO DE LIBERDADE  X  VONTADE – Entendo que o sinergismo é base verdadeiro. Mas como chegar a essa forma, já é algo que não é fácil de precisar.       
Vejamos o que um pensador da antiguidade falou.
PELÁGIO – Foi este quem em cerca de (400 d.C.) asseverou que a vontade humana tem total competência para observar a lei de Deus. Ele era homem moral e dotado de férrea vontade, conhecido por sua incomum piedade. Mas errou ao apresentar um sinergismo que fazia com que a salvação estivesse em parte atrelada as obras humanas.


Uma ilustração do artigo XVIII do livre arbítrio, da Confissão de Augsburgo, onde se lê “... uma vontade tem alguma liberdade para escolher justiça civil, e resolver as coisas sujeitas à razão. Mas não tem poder, sem o Espírito Santo, para trabalhar a justiça de Deus, isto é, retidão espiritual...”

TODOS ERRAM – Quando discutimos sinergismo e monergismo não podemos esquecer-nos do que conhecemos atualmente por, semipelagianismo – que ensina que o homem precisa primeiramente preparar-se condignamente para receber a graça divina, exibindo fé, esperança e amor, tudo o que estaria dentro do escopo das capacidades humanas. Esse ensino tornou-se generalizado na idade média e hoje faz parte da doutrina oficial da Igreja Católica Romana.  
Mas não menos errado é o calvinismo extremado, que reduz o homem a nada e pensa que o processo de salvação é automático dispensando a necessidade até da pregação do evangelho. Eles se esquecem que o Evangelho depende da “reação humana favorável”, e fica subentendido que a vontade humana pode corresponder de forma genuína. O calvinismo extremado não reconhece nem mesmo que o crente tem a responsabilidade de reagir favoravelmente à expressa vontade divina.

MOLINISMO – O que vem a ser este termo?
Molinismo é uma doutrina da relação entre a “graça DIVINA” e o “livre-arbítrio” humano, originada pelo jesuíta espanhol Luis de Molina (1535-1600). Molina afirmou que Deus tem um tipo especial como base do gracioso dom divino da salvação. O molinismo foi amplamente adotado pelos jesuítas e confrontado pelos dominicanos. Após o exame de uma congregação especial em Roma (1598-1607), ambas as doutrinas foram permitidas nas escolas católicas.
Obs. Apresentei este ponto de vista apenas para complemento do que entendo ser necessário discutir dentro da visão teologia o sentido de sinergismo e monergismo, considerando que esta doutrina sofreu grandes desajustes teológicos no seu tempo.  

ENTENDENDO A POLARIDADE CRISTÃ – Eis uma necessidade cristã; Entender com urgência o que seja “polaridade”.
Na Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia os filósofos definem o termo “polaridade” também como “conceitos polares”.
Mas, o que vem a ser o termo polaridade?
E de que forma mais apropriada pode ser aplicado a nossa vida diária?
É que este termo quando bem definido nos faz compreender melhor os sentidos e sentimentos opostos ou contrários das nossas necessidades diárias, por exemplo:

ü  Imanência x transcendência
ü  Livre-arbítrio x determinismo  
ü  Pluralidade x unidade
ü  O ideal x o real

DEFNIÇÃO – Polaridade é a qualidade de “ter pólos”, isto é, os dois lados de uma questão.
Só se consegue atingir pontos inteligíveis se os termos forem estudados de forma global, que inclua ambos os pólos de determinada questão.
Sendo que o principio da polaridade ensina-nos que devemos considerar todos os ângulos de um problema, e não somente um ou dois lados do problema.

Só se consegue entender a Soberania Divina quando aceitamos o Livre-Arbítrio humano; Caso contrário a Soberania se torna Tirania ou controladoria.  (Themmy Lima)

A divindade e a humanidade são por excelência um sistema fantástico de polaridade, haja a prova que se por um lado não conseguimos definir Deus em sua essência de igual modo não conseguimos definir o homem em sua essência.   

FILOSOFOS E PENSADORES – Muitos homens do passado registraram suas ideias e pensamentos sobre este assunto, homens como Nicolau de Cusa, Fichte, Hegel, Marx e tantos outros, mas foi em SCHELLING – que encontrei a melhor definição que apresento a seguir.
Deus tem em si mesmo, de modo inerente e necessário, o princípio da polaridade, que se manifesta de diferentes maneiras. Eis a razão pela qual nunca podemos chegar a uma conclusão final a cerca da natureza e das obras de Deus, o qual permanece acima do nosso entendimento. Todas as descrições que podemos oferecer sobre Deus são parciais e inadequadas, e todas maculadas em erro.[3]

Finalizo minhas reflexões observando que o principio da polaridade nos ensina que devemos ser pacientes com problemas complexos e não falarmos alto demais sobre coisas que quase desconhecemos inteiramente.
Por exemplo, qual seria o sentido do julgamento divino se não houvesse livre liberdade de ação (livre-arbítrio), que tipo de justiça poderia ser aplicado? Seria somente baseado na queda de Adão e Eva ou estaria toda a humanidade debaixo de ações pecaminosas. Certamente o certo e errado ganham força no julgamento divino, portanto, livre-arbítrio, estabelecendo-se o sentido da polaridade.  



Bibliografia
Dicionário BÍBLICO Universal – BUCKLAND, A. R. & WILLIANS, LUKYN – VIDA.
Enciclopédia de Apologética – GEISLER, Norman – Vida. Pag. 608       
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 2ª Edição Revista e Ampliada – FRONTEIRA.
Novo Dicionário de Teologia – FERGUSON, Sinclair – Hagnos.
R.N.Champlin, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia Volume 4 M/O – Hagnos.
R.N.Champlin, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia Volume 5 P/R – Hagnos.
R.N.Champlin, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia Volume 6 S/Z  - Hagnos.




[1] Essa palavra faz parte do vocabulário radical do agostinianismo e do calvinismo. Afirma que a REGENERAÇAO depende, totalmente, das operações do Espírito Santo onde a vontade humana torna-se totalmente passiva, durante todo o processo da regeneração. (Enc. De Bíblia Teol. E Filosofia – Vol. 4 M/O – Pag. 344 – Hagnos)
[2] Essa palavra vem do termo grego composto que significa “trabalhar junto com”. NO contexto, teológico essa palavra significa que a salvação do indivíduo é o resultado final de um esforço cooperativo com Deus.  (Enc. De Bíblia Teol. E Filosofia – Vol. 6 S/Z – Pag. 233 – Hagnos)
[3] R.N.Champlin, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia Volume 5 P/R. Pag. 315 tópico Idéias dos Filósofos sobre a Polaridade.

5 comentários:

  1. Otimo artigo, esclsrecedor, e complexo, embora se fossemos entrar em todos os termos diretos ou correlayos, haveria muito o que debater. A começar pela doutrina da trindade.
    Que sinceramente está recheada de conceitos pagaos. Alias nada consegue ser tao pagao quanto o cristianismo.

    Tony Pereira

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  2. Bem esclarecedor esse artigo, precisamos mesmo ter os nossos olhos abertos a terríveis erros teológicos que são disseminados em nossos dias.

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  3. Leia também o segundo artigo "Que é Sinergismo ou Monergismo? - parte 2" pelo mesmo autor.

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  4. O próprio Russel Champlin quando trata do arminianismo e calvinismo no Novo Testamento comentado versículo por por versículo informa: não há como dá razão para um lado somente. Daí é válido a definição de polaridade

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  5. Penso eu que temos que defender sim o que acreditamos, mas não podemos ter una visão só de um olhar.
    por exemplo percebe que neste artigo é um pensamento Armíniano

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